Há 30 anos, em 12 de novembro de 1995, os moradores de Búzios viveram um dos dias mais simbólicos da história recente do Brasil. Na Escola Municipal Nicomedes Teotônio Vieira, uma fila animada de eleitores, como foi registrado no acervo do Jornal O Globo, se formava desde cedo. Entre eles, a atriz Luiza Brunet, que chegou às 10h30 para digitar seu voto. Do lado de fora, a também atriz Alexia Dechamps conversava com moradores e jornalistas. O que acontecia ali não era apenas o nascimento de um novo município — mas também um marco tecnológico: o primeiro teste oficial das urnas eletrônicas brasileiras.
Após uma década de articulações políticas e disputas judiciais com Cabo Frio, os buzianos finalmente votavam para decidir o futuro do balneário. A consulta foi acompanhada de perto pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio, que cronometraram a apuração. Seis minutos após o encerramento da votação, o resultado estava definido: 4.277 votos pela emancipação, 118 contra e 56 em branco.
A precisão e a rapidez do processo convenceram a Justiça Eleitoral de que o novo sistema estava pronto para ser usado em todo o país. Um ano depois, nas eleições municipais de 1996, a urna eletrônica estrearia oficialmente no Brasil.
A vitória da emancipação garantiu a Búzios autonomia política e financeira, encerrando décadas de dependência de Cabo Frio. A decisão abriu caminho para que a península, antes uma vila de pescadores conhecida pela visita de Brigitte Bardot nos anos 1960, se transformasse em um dos destinos turísticos mais procurados do país.
Hoje, ao completar 30 anos, Búzios carrega o orgulho de ter sido o berço da urna eletrônica — um símbolo de modernização democrática que mudou para sempre a forma de votar no Brasil.


