por José Carlos Alcântara
Há 60 anos atrás, em janeiro de 1964, Brigitte Bardot encontrou em Búzios a tranquilidade que tanto procurava e viveu aqueles 4 meses passeando de barco, além de curtir principalmente as praias de Manguinhos e João Fernandes.
O mergulhador e amigo do namorado de BB – Bob Zagury, Arduino Colassanti, que passou boa parte dessa temporada hospedado com o casal, lembra como Brigitte Bardot vivia uma rotina tranquila em Búzios:
“Eu e Bob saíamos de manhã para fazer caça submarina e quando voltávamos com os peixes, ela cozinhava para a gente. A comida dela era muito boa. Ela era uma mulher simples, mas muito bonitinha”.
De acordo com José Wilson Barbosa, no mesmo ano, no entanto, quando Brigitte Bardot voltou a Búzios, já não conseguiu encontrar mais a tranquilidade que fora buscar.
“Nessa segunda passagem, ela ficou hospedada na casa do Ramon Avellaneda, na atual Rua das Pedras, onde hoje funcionam a Pousada do Sol e o restaurante Cigalon, mas dessa vez, a imprensa não a deixou em paz”.
O fotógrafo Walter Firmo, que trabalhava para o “Jornal do Brasil” e foi a Búzios cobrir a estada da “loura”, como se refere a Brigitte Bardot, lembra como a pequena vila era diferente do balneário cosmopolita que é hoje e de como a atriz atraiu as pessoas para o local:
“Búzios era um lugar de natureza selvagem, não tinha água encanada, não tinha restaurantes nem pousadas para abrigar o grande número de profissionais da imprensa e curiosos que foram atraídos pela loura. Eram mais de 40 pessoas procurando por ela”.
O fotógrafo lembra bem das imagens que fez e, em especial, de uma que não fez:
“Numa noite, eu estava andando por Búzios no carro do jornal e vi uma Kombi vindo na direção oposta. Pedi ao motorista para fazer sinal com os faróis para o outro parar. Saltei do carro para perguntar ao motorista da Kombi se ele teria visto a Brigitte Bardot em algum lugar. Quando cheguei perto da janela, a vi sentada lá dentro. E o pior é que eu tinha deixado a minha câmera no carro. Fiquei sem a foto. Nunca contei isso no jornal para não ser demitido”.
Depois de passar o réveillon de 65 aqui, Brigitte Bardot deixou Búzios e nunca mais voltou. O prefeito de Cabo Frio na época, Antônio de Macedo Castro, ainda concedeu à atriz um título de cidadã honorária e um terreno na Praia de João Fernandes, mas a estrela jamais recebeu os presentes.
Mesmo sem ter retornado a Búzios, há um pedacinho da cidade em que ela se perpetuou: a Orla Bardot, que além de levar o seu nome, abriga sua estátua, inspirada na foto de Denis Albanese, que era amigo de Bob Zagury e passou um dia na companhia da musa naquele verão. A escultura virou um ícone, que atrai todo o tipo de gente disposta a eternizar sua imagem ao lado da atriz.
Para a autora da obra, a escultora Christina Motta, muito mais do que representar a deslumbrante atriz de cinema daqueles tempos, a escultura é a marca registrada da nossa eternamente famosa Brigitte Bardot de Búzios.
“Quando recebi o pedido para criar a estátua, fiquei pensando como iria fazê-la, aí conheci as fotos feitas pelo Denis Albanese. Foi na Brigitte Bardot daquelas fotos em quem me inspirei. Era daquela maneira que ela vivia em Búzios, com o cabelo solto, despenteado e o rosto sem maquiagem. Só acrescentei a mala (sobre a qual ela está sentada) para dar a ideia de que ela era uma visitante”.
Uma belíssima visitante, que transformou definitivamente a história de Búzios.