O presidente da República Jair Bolsonaro participou do podcast Cara a Tapa no sábado (13). O programa durou três horas de entrevista, no qual, o candidato a reeleição presidencial citou algumas informações falsas sobre a ditadura de 1964, a eficácia da hidroxicloroquina e da ivermectina contra a Covid-19. As checagens das informações foram feitas pela Agência Lupa, que trabalha verificando as informações que circulam na internet.

“A sessão de 2 de abril de 64 votou pela vacância da cadeira do João Goulart. Então ninguém tirou João Gulart de lá, ele sumiu, desapareceu”, informou Bolsonaro. Porém essa informação é falsa. Durante a madrugada da data citada, o então presidente do Congresso Nacional, senador Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, que então era ocupada por João Goulart. A declaração de vacância foi realizada mesmo com um ofício assinado pelo Chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro, que informou que o presidente seguia em território nacional. De acordo com a mensagem, mandatário havia viajado ao Rio Grande do Sul, onde se encontrava “à frente das tropas militares legistas e no pleno exercício dos poderes constitucionais”. Apesar disso, foi declarado a vacância. Assim, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, foi empossado chefe Executivo Federal. O que abriu caminho para que o marechal Humberto Castello Branco assumisse a Presidência, a partir de uma eleição indireta em 11 de abril, realizada no Congresso Nacional.

“Datafolha errou todas comigo em 2018”, diz Bolsonaro. Essa informação é falsa, de acordo com a pesquisa da Agência Lupa o Datafolha não errou os resultados das eleições em 2018. No dia 6 de outubro, o instituto publicou a última pesquisa antes do primeiro turno das eleições. Que mostrava que Bolsonaro já liderava a corrida eleitoral com 40% dos votos válidos, enquanto Fernando Haddad aparecia em segundo lugar, com 25%. No dia da eleição, Bolsonaro fez 46% e Haddad fez 29% dos votos válidos. No segundo turno, Bolsonaro aparecia com 55% um dia antes da eleição. O instituto então acertou, foram 55% dos votos.

Covid-19

Sobre a Covid-19, Bolsonaro fala sobre um estudo de Harvard que saiu recentemente. “Esse estudo de Harvard agora, de ontem ou anteontem, falou claramente que, com esse remédio pra malária, tomou antes como preventivo, 28% poderiam deixar de perder a vida no Brasil, aproximadamente 200 mil pessoas”, diz o presidente. Essa informação não é verídica, Bolsonaro se refere a uma pesquisa publicada na revista European Journal of Epidemiology que ganhou destaque nas redes negacionistas. Três pesquisadores de Harvard estão entre os autores. Embora a pesquisa indique que um grupo de sete estudos randomizados aponte uma média de 28% de eficácia no uso da droga como profilático, a conclusão é que são necessários estudos maiores e mais rigorosos para que haja uma resposta definitiva a respeito.