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Boatos sobre o Arraial do Paulo Freire, em Búzios, decepciona a comunidade escolar

“Os alunos precisam de carinho, atenção e investimento”, diz emocionado o professor Bruno Leite
Foto: Matheus Coutinho

O Colégio Municipal Paulo Freire é um dos únicos colégios que oferece o ensino médio no balneário. Criado em 2002 para atender uma demanda grande de alunos, o colégio surgiu dessa necessidade da comunidade buziana. No primeiro ano, o colégio iniciou apenas com a turma de adultos, sendo uma turma experimental. Mas antes de iniciar a estrutura onde conhecemos, os professores davam aula na Escola Municipal Darcy Ribeiro no turno da noite. Apenas em 2004 foi construído o prédio físico, com o apenas o básico da estrutura. O colégio desde então foi motivo de felicidade para a comunidade buziana. No sábado (9), a unidade escolar realizou a festa Junina, que após dois anos pode acontecer novamente, mas apesar da festança o colégio sofreu boatos sobre o que estaria acontecendo.

Na foto está Sanir e Cristine. | Foto: Matheus Coutinho,

“A festa terminou às 22h, foi a hora que encerramos o som. Ficamos aqui dentro arrumando a escola, saímos daqui um pouco mais de 23h30. Não tinha mais alunos quando saímos. A festa deu muita gente, tanto aqui dentro quanto lá fora. Mas o que acontece lá fora não é de responsabilidade da direção. Não tivemos problemas aqui, tanto que só tínhamos um guarda aqui dentro, apenas um que estava rodando aqui com os inspetores.”, explica a diretora adjunta, Cristiane Gouveia.

Para os professores e representantes da direção presentes na entrevista com a Prensa, os boatos foram equivocados. “Fazem um tipo de duas festas, aqui na frente se tornou um ponto de encontro. Por exemplo, passa algum conhecido, conversam. Tinha gente com som ligado, todos andam com uma caixinha ligada, em todo lugar tem isso.”, complementa Sanir Saraiva, dirigente de turno. Eles relembram também do esforço dos alunos para realizar a festa, toda decoração foi feita pelos estudantes.

A Prensa esteve presente no colégio Paulo Freire. | Foto: Matheus Coutinho

Fabiana Gonçalves, de 20 anos, trabalha no colégio Paulo Freire e cantou durante a festa. Ela explica que a experiência de cantar na escola foi incrível, foi recebida de uma forma muito carinhosa. “Todo o processo, enquanto eu cantava, todo o corre pra fazer isso acontecer foi muito tranquilo. Tinha um palco montado com estrutura musical, fui muito bem recepcionada pelos profissionais e família. Mas não posso falar do portão pra fora, mas quem estava aqui sabe o que rolou. Eu fiquei bem revoltada com os boatos, meu projeto BelasRap estava envolvido no evento, muitas famílias estavam aqui e se divertiram, alunos arrecadando dinheiro. Isso pra mim é uma conquista, foi uma decepção ler sobre o boato.”, explica ela.

A secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia postou uma nota oficial nas redes sociais sobre a situação, “Podemos aqui afirmar e reafirmar nosso compromisso com a Educação e com a cultura brasileira. Em todos os momentos da festa, no interior da Unidade Escolar, tudo ocorreu de forma ordeira, saudável, com muito respeito, carinho e decência, o que pode ser atestado por todos que ali estavam. Ao tomarmos conhecimento de que um grupo de jovens estaria se aglomerando em frente à Unidade Escolar, na parte externa, solicitamos ao Guarda Municipal que estava dando apoio à nossa festa que solicitasse reforço para que ele e a equipe passassem a impedir que a aglomeração acontecesse com qualquer ato ilícito, o que prontamente foi feito pelo guarda e, em poucos minutos, a ROMU tomou as previdências cabíveis.”.

De acordo com a Guarda Municipal, ela esteve no local do evento por conta de uma ordem de serviço que já tinham, que era de comparecer ao evento e dar apoio. E de acordo com os Guardas presentes, o evento terminou no horário determinado.

Paulo Freire, um colégio que sobrevive do amor e luta dos profissionais da educação

O colégio Paulo Freire sempre recebeu uma dedicação maior dos profissionais da educação, o carinho pela unidade escolar é pela história e a vontade de acrescentar a vida dos estudantes. De acordo com os educadores, a comunidade escolar vivenciou momentos inesquecíveis como as feiras de ciências, intervenções artísticas, eventos culturais e outros. “Viemos com muita paixão, muita vontade, porque era um ensino médio, era um projeto que tinha que dar certo. Nos empenhamos para que não fracasse.”, explica professor Bruno Leite, que trabalha na rede pública desde 1999.

Professor Bruno Leite está na unidade desde a inauguração. | Foto: Matheus Coutinho

A unidade escolar resiste anualmente, principalmente após algumas situações que poderiam levar ao fechamento da escola. Em 2018, a escola passou por uma ocupação de estudantes reivindicando uma educação melhor, a não terceirização das merendas, e o principal, o não fechamento da unidade. A partir deste ano o medo alastrou pela comunidade, em 2022 a história quase se repetiu. O colégio poderia ser estadualizado, mas a comunidade não permitiu novamente esse acontecimento.

Os professores citaram algumas conquistas que ainda animam a comunidade escolar como a primeira eleição da direção, os alunos e professores puderam escolher. “Nós somos a primeira direção eleita do colégio após 20 anos.”, relembra Cristine. “Nós temos a primeira direção eleita, foi uma conquista nossa. E temos orgulho de eleger uma direção, existe um diálogo aberto com a comunidade”, diz Fernanda Borges, professora da unidade. Além disso, o Paulo Freire está com um projeto aos sábados para ajudar os alunos a recuperar os anos perdidos durante a pandemia. Outro projeto também são os professores de apoio para alunos com deficiência, são cerca de 20 estudantes e todos acompanhados por professores do município que realizaram uma preparação para atender esses alunos. Eles também se orgulham da turma de formação de professores. “Se não tivesse o Paulo Freire, esses alunos teriam que ir para o colégio Ismar Gomes, em Cabo Frio. E eles não conseguiriam atender toda a demanda. O nosso curso pôde inserir no mercado muitos dos nossos alunos. Inclusive os professores de apoio já foram nossos alunos. Esse curso é muito importante para a região.”, comentam.

“Os alunos precisam de carinho, atenção e investimento”, diz o professor de matemática, Bruno. Os professores se entristecem por não poder oferecer mais aos estudantes, e se preocupam com o futuro desses alunos tanto na escola quanto no mercado de trabalho. O esforço deles precisa se dividir em luta e aula. “Vivemos sob tensão, nosso trabalho aqui é tentar manter. Luta, luta, e mobilizar caso aconteça algo.”, complementa o professor.

Por: Natalia Nabuco, estagiária sob supervisão da jornalista Monique Gonçalves.

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Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

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