Neste fim de semana, a praias da Região dos Lagos testemunharam o encalhe de baleias jubarte. No sábado (16), uma baleia jubarte fêmea, com 4,35 metros de comprimento e pesando cerca de 1,2 tonelada, encalhou na Praia Grande de Arraial do Cabo. No domingo, outro filhote de jubarte, um macho com 4,32 metros de comprimento e aproximadamente 1.234 quilos, foi encontrado na Praia do Foguete, em Cabo Frio.
A equipe de especialistas esteve no local para realizar um exame necroscópico detalhado. De acordo com a médica veterinária Paula Baldassin, do Instituto BW, esse exame identifica as causas da morte das baleias. Todos os materiais biológicos são coletados e analisados, incluindo o conteúdo alimentar e exames histológicos.
A situação tem chamado a atenção dos especialistas. Esses encalhes, que envolvem filhotes da espéciemes, coincidem com o período crítico de nascimento desses animais na região.
Esses animais nasceram em águas brasileiras, como a maioria dos nascimentos que ocorrem entre julho e novembro. Os filhotes são vulneráveis nessa fase de vida, podendo se perder de suas mães durante tempestades ou serem atacados por predadores, como orcas ou tubarões.
Segundo o professor Dr. Salvatore Siciliano, coordenador do GEMM-Lagos, essa vulnerabilidade é uma das razões pelas quais as baleias-jubarte migram para águas mais quentes e rasas, fugindo de predadores mais abundantes em águas antárticas e subantárticas. Essas águas mais quentes também promovem o rápido crescimento dos filhotes, que eventualmente ganham independência de suas mães.
As baleias jubarte realizam migrações anuais entre áreas de alimentação nos polos, onde encontram águas frias e ricas em alimento, e áreas de reprodução e criação de filhotes em águas mais quentes. A migração ocorre de maio a novembro, com picos em junho, julho e agosto, quando passam próximas à costa.
O GEMM-Lagos e o Instituto BW realizam um projeto de monitoramento de praias no estado do Rio de Janeiro, como parte das exigências do licenciamento ambiental federal da Agência Nacional do Meio Ambiente (IBAMA). Este monitoramento é especialmente relevante dada a exploração de óleo e gás pela PETROBRAS na Bacia de Campos, uma província do pré-sal.