O holandês Gan Brood trabalhou durante 14 anos como fotógrafo profissional. Ele aprendeu a trabalhar com a produção de efeitos especiais em computação gráfica.Com o tempo, ele especializou-se em trabalhar com um software chamado Art Breeder, que usa uma técnica de Inteligência Artificial chamada redes neurais.Isso permitiu que Gan Brooder reunisse um banco de dados contendo milhares de imagens representando o rosto de Jesus.
O software permite reunir todas estas imagens e produzir uma versão “sintetizada”, um “resumo” em forma de imagem do que ele possuía no banco de dados.Gan Brood reuniu neste banco imagens contidas em registros históricos, mas também em obras de ficção, descrições de Jesus Cristo em pinturas bizantinas, obras de artistas da Renascença e dos primeiros cristãos romanos. Ele foi jogando tudo isso lá no banco de dados. Incluiu também dados da etnicidade dos povos do Oriente Médio. Juntou tudo isso aos toques pessoais que ele como artista, deu a este retrato.
O resultado é uma representação coletiva, uma “síntese” de todas as imagens que representaram Jesus, tanto em registros históricos como na ficção. Basicamente, é exatamente isso a essência do trabalho de um historiador, com a diferença de que este o faz por meio da escrita. O ato de transformar um conjunto de imagens antigas por meio da manipulação digital visando restaurar, aprimorar e revitalizar, com a finalidade de produzir um impacto emocional e quem sabe, gerar empatia, hoje é chamado pelos artistas digitais de “Babel”. O resultado não é uma “pessoa real”, mas uma impressão artística de como este homem poderia ter sido. Mas não é isso o que faz um historiador?
Paulo Roberto Araújo é professor de história