Empresas de ônibus agonizam e temem paralisação por falta de recursos
O encarecimento do preço do óleo diesel tem causado uma profunda incerteza sobre o futuro do transporte coletivo de passageiros em todo o país. Mesmo com a retomada de diversas áreas das atividades econômicas, as operadoras de ônibus amargam prejuízos sucessivos devido a queda do número de passageiros em todas as linhas, ao transporte clandestino sem fiscalização, operado muitas das vezes, por organizações criminosas, e ao que já representa a maior parte do custo de uma empresa de ônibus, o diesel.
O combustível, responsável por garantir o movimento das cidades, acumula alta de 74,64% somente no período de dezembro de 2020 a novembro de 2021, o que extingue recursos financeiros e resulta na pior crise enfrentada pelo setor de transportes em muitos anos. Cada vez mais pressionadas, as empresas rogam ao poder público, nos âmbitos municipal e estadual, soluções efetivas e inteligentes para o que pode ser o ponto final da mobilidade urbana nas cidades, visto que, existem responsabilidades a serem cumpridas quanto ao equilíbrio econômico-financeiro do sistema.
Na Região dos Lagos, há pelo menos 5 anos, não houve compensação tarifária para linhas municipais e intermunicipais, o que pressiona ainda mais o sistema que não encontra caminhos para permanecer respirando e atender linhas, que em muito casos já acumulam um déficit acentuado de passageiros. Segundo a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), o custo do diesel já representa a maior fatia de despesas de uma empresa de ônibus, com índices que chegam a 31%, o que não é tão diferente da realidade enfrentada pelo principal grupo de transporte que atende as 7 cidades da região (Cabo Frio, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Saquarema e Armação dos Búzios). No grupo Salineira, o diesel passou a ser o principal item no custo de operações das 3 empresas, representando 27,69% do custo total.
A alta do diesel, o congelamento das tarifas, a falta de investimentos em infraestrutura das cidades, a alta de peças e componentes interferem diretamente na qualidade do serviço prestado, o que pode não atender com eficiência à população que depende do transporte coletivo. Segundo dados publicados pela Fetranspor, a crise enfrentada pelo setor, já custou mais de 20 mil empregos diretos, a falência de 16 empresas de ônibus, e a pedidos de recuperação judicial de outras 13.
Para superar a crise, diversas medidas já foram debatidas e apresentadas ao poder público, entretanto, nunca foi tão urgente, a necessidade de efetivá-las e buscar uma solução permanente que não recaia somente sobre o passageiro pagante, e que principalmente, viabilize um transporte de qualidade para toda a população.