Nesta terça-feira (26) a Câmara de Cabo Frio realizou uma audiência pública para debater o destino dos galpões remanescentes do antigo Porto do Sal da cidade, se serão tombadas ou não. A audiência foi aprovada através de requerimento de autoria do vereador Aquiles Barreto (SD), vice-presidente da Comissão Permanente de Politicas Públicas e que conduziu os trabalhos do encontro na Casa Legislativa.
A audiência não teve um resultado final, pois foi aberta para esclarecimentos e uma nova data será marcada para definir o futuro dos Galpões de Sal. Segundo o edital elaborado, a convocação teve como objetivo trazer esclarecimentos aos parlamentares e a sociedade sobre o destino do local e dar oportunidade a entidades, órgãos públicos e população na participação desta discussão.
O condutor do encontro, Aquiles Barreto (Solidariedade), abriu falando sobre as explicações. “Durante a audiência a população pode tirar as dúvidas e ouvir as explicações em defesa da demolição e do tombamento do galpão, que serão ouvidas também por nós vereadores para determinarmos nossas ações na Câmara. Nós fizemos a audiência como está no edital. Nós publicamos um edital, onde tem alguns itens e a gente segue o edital a todo o momento”, destacou.
Ricardo Varela, diretor da divisão de cultura, foi o primeiro a ter fala na audiência. “Essa audiência nos da oportunidade de discutir de forma clara e objetiva a questão do tombamento ou não do Galpão do Sal. Essa Casa, com essa audiência, tem o objetivo, acima de tudo, de dar subsídios aos vereadores e a sociedade civil do conteúdo dessa demanda já que pessoas e autoridades fazem opção pela demolição e outras pelo conservação, então, a Câmara está buscando, nesse momento, um entendimento para que os vereadores possam formar suas opiniões”, disse.
O representante do proprietário, Manoel Vieira, que é arquiteto, teve o seu tempo de fala também. “A gente não pode tombar um fantasma. Se for assim a gente vai tombar o cinema de Cabo Frio, a gente vai tombar a casa do Wolnei que ta no chão, a gente vai tombar a Vila Cândida… e por aí vai. Que tipo de tombamento é esse que está sendo proposto? De uma coisa que não existe. Será que a Câmara vai aceitar tombamento de fantasmas? Que se for assim a gente vai tirar muito fantasma do túmulo”, falou.
A representante do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), Carol Werkhaizer, também esteve presente e usou o seu tempo de fala para defender que o Galpão seja tombado. “A sociedade civil tem o direito de debater junto com a Casa legislativa os rumo de um patrimônio histórico cultural e que pode não ser considerado por alguns, mas por muitos é. E é preciso trazer esse debate, e debate não é falação. Me coloco a disposição para a capitação de verba, cada parlamentar tem o direito de captar cerca de R$ 1,5 milhão para projetos históricos”, afirmou.
O “galpão de sal” faz parte de um antigo conjunto arquitetônico que englobava outros imóveis com as mesmas características. Com o tempo os demais imóveis foram vendidos e demolidos para dar espaço a empresas de pescado. Atualmente o galpão é o único de pé, e para alguns possui grande valor histórico por ter feito parte da época da economia de exportação de sal e cal na região.
Entre as autoridades e convidados estiveram presentes o Procurador da República Leandro Botelho, o Secretário Municipal de Desenvolvimento da Cidade, Felipe Araújo, a Secretária Municipal de Cultura, Meri Damaceno, o Coordenador Geral de Meio Ambiente Mario Flávio, o representante do proprietário do imóvel, o arquiteto e urbanista Manoel Vieira, o professor e historiador João Cristóvão e representantes do Conselho Municipal de Patrimônio Artístico e Cultural de Cabo Frio.