A morte de Dannelly Rocha, mulher trans, ativista e cozinheira da CasaNem — centro de acolhimento a pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade no Rio de Janeiro —, reacendeu o alerta sobre a violência estrutural contra travestis e mulheres trans no Brasil. Danny, de 38 anos, foi assassinada na madrugada da sexta-feira (2), em sua residência, na Lapa, após ser vista entrando acompanhada de um homem ainda não identificado. Seu corpo foi encontrado poucas horas depois.
Imagens de câmeras de segurança mostram o suspeito deixando o local com comportamento evasivo e, segundo amigos, levando o celular da vítima. Vizinhos relataram ter ouvido um forte impacto contra a porta antes da fuga. A movimentação foi registrada por câmeras de uma borracharia próxima. O corpo da ativista segue no Instituto Médico Legal (IML), aguardando liberação.
A deputada estadual Dani Balbi (PCdoB-RJ), primeira mulher trans eleita para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, se manifestou publicamente sobre o caso. Em nota e pelas redes sociais, classificou o crime como reflexo da negligência do Estado e afirmou que seu mandato está em contato com o Ministério Público e com a Secretaria de Segurança Pública para acompanhar a investigação.
“Cada mulher trans ou travesti assassinada representa uma falha do Estado e um silêncio cúmplice da sociedade”, escreveu a parlamentar. Ela também informou que levará o caso às comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Alerj.
Brasil lidera ranking mundial de mortes de pessoas trans
Dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) mostram que 122 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2024, sendo cinco delas defensoras de direitos humanos. Apesar da queda em relação a 2023, o país segue como o mais letal do mundo para essa população. A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é inferior a 40 anos.