Foi na Praia dos Ossos, local onde Búzios, então uma pequena vila de pescadores, teve origem, que a socialite Ângela Diniz, no dia 30 de dezembro de 1976 foi assassinada brutalmente com quatro tiros de pistola no rosto, pelo seu companheiro, o empresário Doca Street, em sua casa.
O crime chocou não apenas o balneário, mas como todo o Brasil. Anos mais tarde, o feminicídio (termo que na época não existia) de Ângela Diniz se tornou um dos casos mais emblemáticos da historiografia policial e jurídica brasileira. A tese de defesa apresentada por Doca foi homicídio passional praticado em legítima defesa da honra com excesso culposo, transformando Doca na verdadeira vítima e Ângela culpada e merecedora de sua morte.
A Praia dos Ossos, antes conhecida como “Praia dos Marimbondos” ganhou esse nome por conta dos ossos de baleia que eram depositados na areia durante o período que acontecia a pesca baleeira no balneário, no século XVIII. Outra história conta que ela ganhou esse nome por conta dos ossos humanos que apareciam no morro da Igreja de Sant’Anna, construção de 1740, atualmente onde está localizado o único cemitério da cidade e que na época já servia para esta finalidade. Segundo relatos, as ondas do mar batiam nos paredões de terra, fazendo com que os ossos fossem desenterrados. É uma praia calma, muito procurada por famílias por ser mais segura para crianças.
O crime, sua repercussão e atualidade
Movimentos feministas estavam ganhando voz no Brasil e todas as mulheres se sentiam injustiçadas, todas estavam lutando pela memória de Ângela. Até o poeta Carlos Drummond de Andrade se manifestou em condolências à vítima, escrevendo a famosa reflexão: Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras.
Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão, dois quais cumpriu três em regime fechado; dois no semiaberto e o restante, em liberdade condicional. Um excelente documentário, em podcast, feito pela Rádio Novelo, o “Praia dos Ossos”, trata do fato, seus desdobramentos e consequências.