Desde de 2019, Clovis Eduardo desenvolve um trabalho de desenhos em quadrinhos para editoras internacionais
As histórias em quadrinhos fazem parte do hábito de leitura não só de crianças, mas também de jovens e adultos ao redor do mundo. Em São Pedro da Aldeia, o artista Clovis Eduardo, de 40 anos, teve seu trabalho de desenhos em quadrinhos reconhecido internacionalmente. Desde de 2019, Clovisbatebola, nome artístico com o qual assina as obras, desenvolve os desenhos para pequenas editoras norte americanas. Em entrevista à Prensa de Babel, o artista contou um pouco da trajetória dele com a arte.
COMO TUDO COMEÇOU
Clovis conta que cresceu lendo quadrinhos e assistindo ao show da Xuxa, que apresentava desenhos animados na época. Ainda pequeno, foi alfabetizado com as revistinhas pela professora dele, aos seis anos de idade. Com o passar do tempo, a prática de desenhar os heróis das revistinhas nas mesas da sala de aula ao lado da leitura, o seguiu por anos. “Os anos se passaram e, enquanto meus colegas de escola desenvolveram habilidades no futebol, eu aprendi a desenhar”, contou o artista.
A trajetória de Clovis com a arte começou realmente quando ele decidiu estudar desenho a fundo e sair da teoria para a prática. “Em meados dos anos noventa, antes da era da Internet, as bancas de revistas eram nossas redes sociais. Ali fiz amigos pra vida toda, encontrei pessoas semelhantes, muita revistinha e fascículos de desenho clássico que me ajudaram a ter as bases necessárias para sair do modo autodidata”, explicou.
O DESENHISTA EM QUADRINHO
Clovisbatebola conta que nunca havia ganhado dinheiro como desenhista em quadrinhos até o ano de 2019, mas para ele, os desenhos sempre foram uma porta de entrada para o mundo da arte. Antes de seguir o sonho de trabalhar no ramo, o artista se aventurou nos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo. “Na faculdade de publicidade e propaganda, eu achava que ajudaria. Pura ilusão. Depois, na faculdade de jornalismo, investi mais em fotografia. Mas o sonho de ser desenhista em quadrinhos ainda estava lá, aquela criança que rabiscava mesa de sala de aula ainda estava viva”.
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL
A oportunidade de produzir as artes para pequenas editoras americanas surgiu no fim de 2019, quando o artista havia deixado o emprego que trabalhava. Clovis já havia produzido um material autoral, que nunca publicou, e estava desempregado. Foi quando decidiu usar um dinheiro que tinha guardado para se sustentar enquanto entrava de cabeça em testes para trabalhar em grandes editoras como Marvel, DC ou Image. A oportunidade veio quase um mês depois, pela SGG’s Comics, uma pequena editora do Bronx, em Nova York. Depois disso, os convites para Clovisbatebola não pararam de chegar.
Atualmente o artista é free-lancer e trabalha para algumas empresas ao mesmo tempo. Hoje em dia Clovis está trabalhando em um título chamado MS Vengeanse, para outra editora de Nova York, denominada Limitless Comics, que produz quadrinhos desde 1997. Ele conta que nesta editora, a maioria dos autores são afro-americanos da periferia, que retratam a realidade deles na pele dos heróis. Os temas geralmente são quadrinhos noire, terror, investigação e super-heróis.
Perguntado sobre qual realização marcou a trajetória como artista, Clovis contra sobre um trabalho recente que fez para um autor canadense chamado Ben Cook. Sobre este trabalho, ele afirmou: “Me marcou muito porque nunca pensei que meu trabalho seria tão valorizado. O cara ficou tão maravilhado com o resultado do trabalho que fiz para o roteiro dele de 24 páginas que fechou a empresa de Dry Wall para firmar sociedade com uma pequena editora americana e viver da própria obra. Isso me marcou muito. Mesmo me pagando o valor por página em dólar, ele me presenteou com uma parcela de direitos autorais da obra”, contou ele.
O futuro
Para o futuro, Clovisbatebola conta que pretende licenciar HQs autorais para lançamentos no Brasil e na América Latina. “Montei um estúdio onde trabalho com mais duas pessoas e hoje tenho autonomia de produção de todos os processos de lápis, arte-final, cores, letras e finalização para a impressão. Pretendo licenciar estas HQs em que tenho desenhado e de parceiros para lançar no Brasil e em alguns países da América Latina assim que os eventos de comic.com retornarem”, finalizou ele.
Veja algumas das obras produzidas pelo artista Clovis Eduardo.