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Por Fábio Emecê

 

Continuando a empreitada, porque é pra continuar, vamos apresentar alguns artistas que persistem no subterrâneo e com o vislumbre da luz, alguma coisa interessante é revelada, desvelada. Até porque a proposta dessa bagaça é fazer isso mesmo.

 

O artista da vez é Rapha Ferreira, nascido Raphael Vinicius Ferreira, parido por Maria José Ferreira.  Rapha é natural de Cabo Frio – RJ e começou a desenvolver sua arte na infância, entre as paredes da Igreja, Metodista, no caso. É um dado interessante, por conta da igreja ser um celeiro de desenvolvimento artístico regional, mesmo que muitos artistas não sigam a doutrina religiosa em sua vida.

 

De desenhos mórbidos nas reuniões cristãs, se descobre enquanto pintor quando é colocado em contato com o artista plástico Reinaldo Caó. Consegue desenvolver algo durante um período e pára durante 10 anos. Volta a praticar depois do falecimento de sua mãe, sendo como ele diz: “Um escape reflexivo.”

 

Seu material básico pra se fazer os desenhos são a tinta acrílica, nanquim, giz de cera pastel oleoso, canetas esferográficas, guache e o que tiver disponível no momento. Ele experimenta, diante de uma identidade marcada e acredita que além da técnica, deva se ter a reflexão física e mental aplicada sobre a obra. A arte é uma extensão do artista, não apenas um momento contemplativo ou mero jogo de egos para se ter uma fama.

 

Minimizar, diminuir fronteiras é algo bom de se querer, certo? Independente de sua resposta, o Rapha tá sempre nessa busca e tem uma visão realista daquilo que faz: “A arte não vai mudar o mundo, não trará paz a ele, e tão pouco vangloriarão a obra que não esteja em ascensão.” Reflexões políticas, relações humanas e intimidades. Podemos resumir a pretensão de Rapha Ferreira.

 

Considera a arte regional como um conjunto de esforços individuais e coletivos, mais pautada por amor e dedicação do que um investimento qualificado do poder público. A população não liga e o poder público tampouco, sem contar a tentativa de atrelamento de determinados nichos ao direcionamento total da arte, seus espaços e recepção.

“Vejo uma apropriação da arte local uma instrumentalização através de poderes políticos, uma nova forma de modelo artístico, a região parece ter perdido suas pernas. Mas não me acho na competência de argumentar sobre, mas é necessário que pensemos: é necessário a arte, a reflexão que ela proporciona? E infelizmente não vamos poder dar saltos de alegrias enquanto a arte ainda for restrita. A oportunidade para o artista é essencial para a construção de novos indivíduos, para formação e consistência do pensamento popular.”

Por fim, a defesa da arte como conhecimento pessoal é o que faz o Rapha Ferreira produzir e se existir alguma utopia, um el dorado capaz de condensar o mar de sentidos, sentimentos e efeitos produzidos, podemos dizer, pautado nele, que é lógica é “falar por aqueles que foram silenciados.”

Queremos ir além e podemos ir além, mesmo sem ninguém prestar atenção na gente. Do subterrâneo, resistimos!

Abaixo segue mais desenhos do Rapha e na próxima parte, mais um artista e suas visões sendo amplificadas. Vamo que vamo que a porrada é na moleira.

(Desenhos do Rapha na galeria)

https://prensadebabel.com.br/index.php/2016/12/07/arte-under-da-regiao-dos-lagos-parte-i/

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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