Por Fábio Emecê
De volta com o mapeamento dos artistas que você deve ter andado junto no ônibus e nem tinha noção da habilidade/capacidade do mesmo. Acontece e estamos aí pra mostrar que as frestas respiram e inspiram. Hoje é a vez da Anne Moon.
Marianne Fernandes Machado de Carvalho Alves, 21 anos, natural de Niterói, residente de São Pedro da Aldeia – RJ, vulgo Anne Moon. É bodypiercing há dois anos e se define como artista corporal – manipulação do corpo, pintora, escreve e desenha. Nas atuações e recepções diárias, tem um posicionamento firme, pelo fato de ser mulher. É a luta pra impor respeito, o tempo todo e como ela diz: “Nessa área (bodypiercing) conta muito a aparência e contato. Quem você conhece, mais do que seu trabalho, como você se apresenta, mais do que seu trabalho, como você se veste, mais do que seu trabalho, tudo, menos seu resultado final e aí é uma luta ter que trabalhar contra isso, também”.
Está nas dificuldades de entendimento e de colocação da atuação como arte e técnica, ou seja, não é achismo, não se aprende fazendo na marra. Se aprende com estudo, não é simplesmente pegar o corpo e modificar a revelia. Anne Moon está em busca de respeito à profissão/arte de bodypiercing.
Ela tem um olhar crítico com a cena e a participação de mulheres no total. Nota o ego inflado da cena e a falta de cooperação, uma disputa pessoal, uma tristeza, segundo ela. Ofender e se incomodar com o movimento do outro é um problema sério por essas bandas.
A falta de troca de informação, de conhecimento, de abertura para possibilidades é uma coisa regional, coisa que não é notado em outros lugares. Aqui, segundo Anne, se acredita que o espaço é pequeno, mas nem é, há espaço pra todo mundo se houver organização.
Ela não é voz única quando diz que o falta para melhorar é o incentivo a cultura. E também diz sabiamente: “Teria que se ter a quebra do tabu que o conhecimento é um segredo, ele é de poucas pessoas. Sabe, eu acho que se região fosse mais movimentada nesse ponto artístico, cada um ia querer contribuir um pouco mais”. Anne Moon tem suas pretensões artísticas. A mais básica e legítima é passar um pouco dela, da história dela pras pessoas, ser compreendida, dizer e expressar algo por alguém que não pode, por um motivo ou outro. Colocar pra fora e ser porta-voz daqueles, daquelas que não tem voz é a meta.
Com relação ao piercing, explica que é uma profissão relativamente nova, com muita luta para estabilização no mercado, com regulamentação e respeito da sociedade. Responsabilidade, ética e segurança fazem parte da profissão mesmo com os constantes ataques da classe médica, até por conta daqueles fazem a revelia.
Ela quer fazer parte dessa mudança e se prepara para participar de um grande congresso internacional na área, onde se espera um respaldo e entendimento maior do que é o bodypiercing e sua aplicabilidade. “Basicamente os bons profissionais vão se distanciar bastante, vão ficar bem a frente dos furadores, como a gente chama os curiosos”.
Anne Moon ou Mari vai ser mãe, com nascimento da cria previsto pra final de maio. Guilherme virá pro mundão e vai sacar rapidão a mãe porreta que tem. Troca de ideia e mais uma artista em cena pra você conhecer. Até a próxima. Vamos que vamos…