A Secretaria de Cultura de Armação dos Búzios discute formas de preservar a formação rochosa de mais de dois bilhões de anos, descoberta em fevereiro no Quilombo da Baía Formosa. A integridade da chamada “Rocha Africana”, assim batizada por apresentar resquícios geológicos da separação dos continentes africano e americano, foi colocada em risco nos últimos dias, após uma pessoa não identificada escavar parte de um rochedo próximo ao local.
O secretário municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, Luiz Romano Lorenzi, esclareceu para a Prensa que a rocha recentemente descoberta, que se encontra em processo de tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), não foi danificada e sim outra formação rochosa na mesma área. Lorenzi esteve no local e disse que se reunirá com o prefeito Alexandre Martins, para estudar medidas a fim de evitar qualquer depredação.
“Graças a Deus, não foi na Rocha. Foi no local onde se encontra a Rocha. Uma pessoa passou com detector de metal e escavou próximo à Rocha, que está 100% intacta. Estamos aguardando os técnicos que estão concluindo os estudos para sinalizar e colocar uma placa com informações”, anunciou, lamentando a situação.
O secretário se refere aos estudos técnicos referentes à preservação, e ao desvio necessário para a estrada, além de uma campanha de conscientização e a busca por mais materiais geológicos. Em março, o secretário de Cultura e Patrimônio Histórico protocolou um pedido de tombamento da “rocha africana” junto ao Inepac.
O rochedo foi descoberto no último dia 15 de fevereiro, pela geóloga Kátia Mansur, próximo à sede do quilombo aconteceu durante uma das idas com a equipe da Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico de Búzios para um projeto de sinalização das pedras culturais do município. Os esforços fazem parte do projeto Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro, com objetivo de buscar a chancela internacional da Unesco.
“Essas rochas ocorrem na região que se chama domínio tectônico de Cabo Frio, que vai desde Maricá até Macaé, fazendo o triângulo com Arraial do Cabo. O que acontece é que a gente não tinha encontrado essas rochas na área do quilombo. Como a gente vem trabalhando com eles num projeto de geoturismo étnico já há bastante tempo – fez uns painéis para o quilombo sobre uma nascente que eles têm e sobre um ponto de cultura com os blocos de quartzo na área do Peró – já tem uma relação já antiga de trabalho, com o Quilombo da Baía Formosa”, explicou a pesquisadora à Prensa, no começo de março.