Município passou por diversas contradições e chegou a divulgar, segundo boletim, que estava com leitos vazios, mas logo em seguida houve aumento de internações
Depois de muito se questionar e os moradores cobrarem alguma medida, a Prefeitura de Búzios divulgou o novo decreto de n° 1.589 com restrições à Covid-19, nesta quinta-feira (12). A cidade teve um aumento de casos e mortes pela doença. No entanto, até o fechamento desta matéria as novas medidas ainda não estão disponíveis no Boletim Oficial do município, que tem como última publicação notícias do dia 4 a 8 de março, com o Decreto nº 1.584.
O novo documento tem como objetivo redobrar os cuidados, monitorar e controlar o fluxo de circulação quanto a entrada e saída de pessoas nas principais vias de acesso ao município e impedir que o vírus se espalhe na localidade. O decreto não revogou o publicado no dia 26 de fevereiro de 2021, de n° 1.583.
Ainda de acordo com o documento, está vedada a realização de festas, shows e eventos por 30 dias; os estabelecimentos comerciais só poderão funcionar até meia-noite e deverão operar com 60% (sessenta por cento) da sua lotação, janelas abertas, distanciar as mesas em, no mínimo, 1,5m (um metro e meio) e disponibilizar álcool em gel. Estabelece, ainda, que veículos de transporte coletivo e alternativo deverão obedecer a taxa de ocupação de 60% (sessenta por cento) de sua capacidade total.
Nas barreiras, os critérios serão mantidos. Os condutores de veículos e motocicletas serão abordados pelos profissionais da Postura, Agentes da Saúde, Vigilância e Guarda Municipal. Na manhã desta sexta-feira (12), algumas medidas já estavam sendo tomadas com mais rigor no local.
Durante a abordagem, as pessoas receberão orientações e aferição de temperatura. A entrada só será permitida mediante apresentação de comprovante de residência, trabalho ou QR code que comprove que o turista está hospedado na cidade.
Vale lembrar, que na quinta a tarde, antes de o decreto ser publicado, o jornal O Dia havia informado que novas normas seriam estabelecidas em Búzios. Essa informação pegou moradores da cidade de surpresa e sem saber no que acreditar.
O que pensam os empresários?
Muitos empresários têm questionado o motivo da prefeitura divulgar os decretos na parte da tarde e sem conversar com eles ou com a sociedade. Os empresários alegam que é importante que o município adote medidas de enfrentamento, mas a comunicação também deve ser feita, pois vários estabelecimentos já compraram materiais e insumos para atender os clientes aos fins de semana. Mesmo fora da temporada, Búzios continua recebendo turistas, e tendo, assim, o fluxo de pessoas maior neste período.
A Prensa entrou em contato com a Prefeitura para saber mais detalhes do novo decreto e das medidas de segurança, além de perguntar sobre o porquê do documento ainda não ter entrado no Boletim Oficial do município e aguarda retorno.
Contradições da Prefeitura
Após o Carnaval, a gestão atual havia comemorado que os casos de Covid-19 tinham sidos controlados na cidade e, que, inclusive, conseguiram zerar o número de pacientes internados com o vírus. Mas logo depois, as ocupações voltaram.
Vale destacar que o número de leitos ocupados cresceu rapidamente de um dia para o outro. Até segunda-feira (8), a cidade tinha apenas 2 leitos ocupados e no dia seguinte (9) passou para 8.
O prefeito Alexandre Martins também chegou a dar uma entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul. E, apesar, de não ter dito com todas as palavras que o município estava realizando tratamento precoce, ele deixou a notícia continuar e não negou a informação.
Já no dia 22 de fevereiro, o prefeito compartilhou em seu Facebook um repost do senador Flávio Bolsonaro o parabenizando pelo tratamento precoce aplicado na cidade e que, por isso, o município não tinha mais casos de Covid-19 depois do Carnaval. Veja nas fotos abaixo.
A informação só foi negada pelo prefeito de que o município estava usando tratamento precoce, no dia 25 de fevereiro em entrevista ao portal RC24h, após ser questionado sobre a publicação. Alexandre Martins então explicou que o uso de cloroquina ou de outros medicamentos chamado “tratamento precoce” não faz parte da estratégia adotada em Búzios para o tratamento do novo coronavírus. Ele ainda disse que, os médicos, conforme indica a legislação, têm autonomia para usar, mas esta não foi uma estratégia adotada na cidade.
Outra contradição, foi feita nesta quinta (11), com o vídeo divulgado nas redes sociais da Prefeitura sobre o novo decreto. O prefeito diz que em caso de qualquer dúvida o município pode esclarecer para a população e reforçou que as informações estarão sempre disponíveis nos veículos de comunicação oficiais da Prefeitura de Búzios. No entanto, quando questionado pela Prensa sobre alguma dúvida ou assunto, a instituição nunca responde. Pedidos e e-mails da nossa Redação não têm sido atendidos desde o dia 1º de janeiro de 2020.
Boletim Covid
Segundo o informativo desta quinta, a cidade havia somado 6 novas contaminações, totalizando 3.282 casos. Já o número de curados contabilizava 3.165, enquanto 74 pessoas estavam em isolamento domiciliar. Búzios já atendeu 14.914 pessoas.