Órgão regulamentador afirma que a Sputnik V não atende padrões exigidos pela OMS e pede mais esclarecimentos
Após o anúncio para a compra de 500 doses da vacina Sputnik V, produzida pela Rússia, o município de Maricá tem tratado de processos para conseguir a importação do imunizante. Porém, segundo a Prefeitura, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alegou que a certificação russa não traria a comprovação “do atendimento aos padrões de eficácia, qualidade e segurança exigidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”.
Maricá foi a primeira cidade a buscar a aquisição da Sputnik V, como uma opção além dos imunizantes Coronavac e AstraZeneca, que já possuem registro do órgão regulamentador para serem aplicados. De acordo com o município, a Anvisa exigiu mais esclarecimentos, conforme documento enviado pela agência ao gabinete do prefeito nesta segunda-feira (12), em resposta ao pedido de aval à compra.
O prefeito Fabiano Horta explicou que o município está fazendo tudo que está ao seu alcance para abreviar o prazo de chegada, mas que a compra entre entes públicos de diferentes países, cada qual com sua própria legislação, impõe mais condicionantes. “Estamos fazendo todo o caminho necessário para importar. É um processo longo e bastante rigoroso no qual estamos cumprindo todas as etapas”, assegura.
A atuação da Anvisa, que agora anuncia o envio de uma equipe a Moscou para sanar “dúvidas” relativas à certificação técnica, foi relativizada pelo município, que anunciou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa da população. “Entramos com o pedido de importar a Sputnik e fomos o primeiro município a fazer isso no Brasil. Montamos um plano fármaco epidemiológico pioneiro no Brasil e atualizamos o plano de plano de vacinação do município para podermos avançar”, esclareceu Horta.
De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Ciência e Tecnologia de Maricá (ICTim), Celso Pansera, a Prefeitura sustenta seu entendimento na avaliação da Agência de Saúde da Rússia, que tem reconhecimento internacional o que, segundo a lei 14.125/2020, já permitiria a vinda do imunizante. “Cumprimos todos os critérios que a lei pede para que um ente público faça a importação”, acrescenta. “O cronograma solicitado pela cidade começa com 25 mil doses em abril e vai até novembro”, descreve. “Nós estamos no caminho correto de tentar obter o direito de importação direto, já que o programa do governo federal não está sendo cumprido”, completa Pansera.