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Animais abandonados e desprotegidos em Rio das Ostras e Cabo Frio

 

Cães Abrigo (1)Protetores de animais são aqueles que se mobilizam e se desdobram pra cuidar de animais abandonados, e apesar dos problemas e responsabilidades da vida se dedicam à causa animal. Em Rio das Ostras e região existem muitas dessas pessoas que fazem o possível para impulsionar a organização de feiras de adoção, caminhadas beneficentes, lares temporários, doações e bazares, tudo para o benefício de animais de rua.

Luciene de Souza e Cláudia Helena dos Santos são irmãs que estão envolvidas nesse meio há cerca de 30 anos. Para elas, a paixão por animais começou desde cedo, influência de sua mãe e avó, e assim, consequentemente, a ligação com a proteção animal. Atualmente, as duas possuem na casa em que moram 43 animais, sendo 41 gatos e 3 cães.

“Começamos com um gato, mas com o passar do tempo e os casos de maus tratos ou abandono que presenciamos esse número foi aumentando. Para nós, esse é o principal problema, a falta de amor e responsabilidade que alguns seres humanos tem com os animais”, comenta Luciene.

A irmã de Luciene, Cláudia Helena também conta que é muito comum os donos abandonarem seus animais quando enjoam deles ou quando os mesmos ficam doentes ou idosos, o que aumenta o trabalho dos protetores e acrescenta o número de animais nas ruas. “Um grande problema na minha opinião é a falta de conscientização da necessidade da castração para prevenção de doenças e filhotes. Afinal, já existem tantos animais abandonados no mundo, porque acrescentar mais?”, questiona a protetora.

Cláudia Helena relata que se esforçam para encontrar um lar para todos os gatos que chegam até elas e tentam fazer um trabalho de conscientização com pessoas que não gostam ou maltratam os animais, mas, segundo elas, é um trabalho árduo e lento.

“Procuramos conversar da melhor maneira possível, mas nem sempre temos um bom resultado. Para que a causa animal tenha uma melhora é necessário diversos fatores, como melhores abrigos públicos e não os depósitos de animais que alguns deles acabam virando; melhores remunerações para os veterinários e técnicos; um ensino mais empático, amoroso e responsável em relação aos animais para as crianças; além de melhores políticas públicas e maiores punições para maus tratos”, conclui a defensora.

Outra adversidade que aflige muitos benfeitores da causa animal é a conciliação entre o papel como protetor e a vida pessoal no o dia a dia, explica Cláudia. Ela conta que determinadas pessoas acham que o protetor tem obrigação de resgatar qualquer animal. “Porém, ele um ser humano normal com trabalho e família. Mas a proteção passou a ser parte da vida dele, todavia, para alguns essa parte vai se tornando cada vez maior e ultrapassa alguns limites”, completa.

Cláudia Helena explica que separar o trabalho como protetor e a vida é essencial para se manter bem. “É importante saber até onde podemos ajudar para não acabarmos no falindo ou doentes de tanto nos doarmos. Porque acabamos tentando sempre ajudar mais e mais, assim terminamos com muitas dívidas, por exemplo. Ficamos com muitos animais também. Aqueles que nos apegamos, mas também os mais problemáticos, de difícil adoção, que tem medo de outras pessoas. Acabam sendo um encalhe e ficam conosco para sempre. Viramos sua casa definitiva”, conclui Rita.

O amor por animais também levou Fátima Ferreira, uma defensora da causa animal há 12 anos, a criar a Pet-Salvation em Tamoios, distrito de Cabo Frio, quando voltou da Suécia, onde morou 18 anos. Ela explica que apenas ela e sua irmã fazem parte do grupo que promove um interessante projeto de enviar animais abandonados para lares na Suécia. O motivo do projeto ter sido criado foi o choque que Fátima levou ao se mudar novamente para o Brasil.

“Lá não existem animais abandonados, principalmente cães. Um cachorro na rua com certeza fugiu de casa. Nesses casos a polícia é chamada e o dono do cão identificado por um chip no corpo do animal que contém todas as informações, como: número de identificação civil do proprietário e endereço. Aqui no Brasil não poderia ser mais diferente. Então resolvi agir e fazer algo além de sentir pena”, diz Fátima.

Infelizmente, Fátima teve que encerrar o projeto do abrigo e do envio de cães por conta de falta de auxilio e de verba. Segundo a protetora, ela e a irmã estavam custeando todo o processo com dinheiro do próprio bolso e levaram a situação até onde foi possível.

“Era um projeto incrível, enviamos mais de 30 animais para a Suécia, mas não é mais possível dar continuidade a ele. Mesmo com a ajuda de custo que os futuros proprietários suecos proporcionam para conseguir um animal, os valores ainda eram muito altos e quase nunca tínhamos ajuda de voluntários e doações. A burocracia também é um fator decisivo nisso”, explica a protetora.

Fátima também pontua que tanto a região, quanto o Brasil de forma geral são carentes de políticas públicas para benefício dos animais. Para ela, um dos principais problemas é a falta de um hospital veterinário público e, junto a isso, um projeto sério de castração.

“Os animais abandonados continuam dando cria. Você salva um e tem 10 nascendo na rua. A questão da conscientização também é importante. Aqui no Brasil se pensa que o animal é uma coisa que você descarta quando se muda. Que ele é um objeto descartável e sem sentimentos. Além disso, não existe uma punição severa para maus tratos, ou animais que ficam presos na corrente 24h, por exemplo. Não se pode contar com a polícia e nem se sabe para onde ligar em casos assim”, lamenta.

O trabalho dessas pessoas que lidam com a causa animal e que procuram beneficia-los é incansável. E é de forma unânime que os protetores comentam que sentem não conseguir mudar a situação.

Mas Fátima Ferreira conclui: “Fazemos um trabalho de formiguinha ou se até pode dizer que enxugamos gelo. Mas para os animais que resgatamos é uma transformação na vida. E é isso que importa pra todos nós protetores, posso afirmar”.

Fátima Ferreira conta com doações e ajuda de voluntariado para ajudar com animais até que encontrem um lar. Mais informações: (22) 999421267

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Laís Vargas é jornalista e mora em Rio das Ostras
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Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

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