Teria um álibi para não fazer o que tem que ser feito. O momento no qual estamos, pede pra alguma coisa ser feita. Esteja vivo ou morra tentando. Você é do tamanho dos seus sonhos, mesmo que o sonho seja roteirizado pelo marqueteiro premiado. Aliás, você sabia que o Brasil é o primeiro no mundo em marketing e propaganda?
Vamos na dança, nas colagens, na miscelânea e na punhetagem pedindo pro suposto herói brasileiro dar uma sarrada no ar, gostar do chapéu do amigo ou assinar a lei anti-terrorista, responsável por dentro em breve, alguns subversivos sumirem do mapa.
Vamos reclamar do relato da súmula onde diz que ele xingou, esperneou e ainda deu uma rasteira no jogador e só por conta disso será suspenso por 1 ano previamente. Enquanto isso a súmula 70 prende e agoniza pessoas pretas, pessoas pobres e as mulheres usam miolo de pão para conter a menstruação.
Romper os padrões rende e como rende. Ainda mais quando somos míopes em não perceber que padrões são apenas cores, palavras e imposições calculadamente construídas séculos a fio por muitas coisas, menos a apatia. Quem acredita que somos apáticos? Somos o país com mais revoltas e levantes contidos pelas forças armadas, sem nenhuma massagem ou condolências.
Somos paz e amor, somos a luz que não se apagou, somos aqueles que colocam cabeças em bandejas e que são exibidas em caravanas para se não ter mais qualquer proposta parecida com aqueles que perderam as cabeças. Somos carinho, somos idiotas, somos bestas ou não, depende da posição.
E se todos nós somos dispostos a de alguma maneira refletir e lutar por aquilo que queremos, os catálogos são por demais atraentes, até porque não sabemos sobre a álgebra de Boole, quiçá sobre estática, engenharia, estatística, filosofia ou política. E ainda dizemos que entendemos sobre alguma coisa, sendo que nada é importante sem o manuseio.
Em Tubiacanga, um cemitério foi devastado com se descobriu que com ossos se podia fazer ouro. Em um outro lugar, um shopping foi construído em cima de sambaquis e a lagoa aos poucos o puxa para o fundo. Qual é o nosso limite? Lutar pra zerar a máquina ou para se ter uma extensão.
A mixagem é o futuro, já dizia Sun-Ra e mesmo que você não saiba quem é Sun-Ra, só repetir e copiar dos inúmeros manuais, maneiras de ser aplaudido, ser ovacionado ou ganhar dinheiro falando coisas que muita gente sabe, mas não faz muita coisa pra ir adiante porque não se é para ir adiante.
O natural é vendável, o emocional é palatável e o momento é registrado e depois vira lixo eletrônico. Vamos ter cuidado, pois homens são escrotos. Vamos ter nojo, porque militantes tem projetos de se sentar com os algozes. Vamos por nossa consciência em debate? Hastag, somos todos ridículos, que tal?
Meu álibi é ser preto, pouco atraente, subversivo, pobre e quase esquecido. Quando der merda, talvez demore mais pra me afogar. Vamos ver como vai ser 2018.
Vamos ver, ai, ai…