A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) lançou, na tarde desta terça-feira (31/01), a pedra fundamental virtual da Casa da Democracia. O centro cultural será dedicado a momentos emblemáticos da vida política brasileira que tiveram o Palácio Tiradentes como protagonista. O projeto aposta em tecnologias imersivas para tornar o conteúdo ainda mais atraente ao público. A previsão é de que ele seja inaugurado ainda no primeiro semestre deste ano.
Na cerimônia, o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), ressaltou a importância da criação do centro de memória, como forma de preservar o patrimônio histórico e de promover a reflexão sobre os valores do Estado Democrático de Direito, como liberdade de expressão, respeito às leis e às instituições e igualdade de direitos.
“Mudamos administrativamente de prédio e a gente precisava dar vida ao Palácio Tiradentes. Mais do que um lugar de preservação da memória política do país e do estado, a Casa da Democracia será um ambiente de reflexão sobre os valores republicanos e democráticos. É a vocação natural deste edifício, construído para abrigar o Legislativo há quase 200 anos, um lugar de lutas por liberdade e justiça social”, afirmou.
Roteiro histórico
Projetada num telão, a pedra fundamental virtual era uma espécie de “cápsula do tempo”, onde foram depositadas imagens do passado, como uma foto da antiga Cadeia Velha, e vídeos de sessões plenárias do Palácio Tiradentes, com a proposta de ser revisitada após 50 anos. O presidente Ceciliano foi o primeiro a se cadastrar no portal que, a partir da inauguração, vai registrar todos dos visitantes.
A superintendente da Curadoria do Palácio Tiradentes, Maria Lúcia Horta Jardim, ressaltou o trabalho de revitalização dos ambientes depois da mudança das atividades legislativas para a sede da Alerj, na Rua da Ajuda, Centro do Rio. O desenvolvimento do projeto foi feito em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante o evento, foi lançado também o livro “Democracia em Foco”, editado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que também contribuiu para as escolhas do conteúdo das exposições.
“Começamos a planejar esse projeto em junho de 2021 e o nosso primeiro passo foi cuidar do edifício e do restauro dele com a ajuda da Oficina Escola. Em parceria com a UFF, nós nos debruçamos no desenvolvimento da narrativa e da forma da Casa da Democracia, que traz um apanhado cultural e histórico muito grande. Fizemos tudo com todo cuidado e respeito que o Palácio merece”, afirmou Maria Lúcia.
Professor da UFF e coordenador do projeto, Franklin Dias Coelho, contou que o principal desafio foi aliar a preservação do patrimônio, tornando ele um ambiente interativo e selecionar os fatos abordados. “O público que visitar a Casa da Democracia vai conhecer um pouco da história que a história não conta. O que fez com que a gente tivesse que fazer um trabalho de pesquisa muito rebuscado, mas conseguimos, e vamos entregar ao público muita informação relevante”, garantiu Franklin.
Com painéis eletrônicos, áudio e vídeos a narrativa vai fazer uma releitura dos principais períodos republicanos: a Primeira República (1889 – 1930), – Período Vargas (1930-1945 e 1951-1954), a Ditadura Militar (1964 a 1985), a abertura “Lenta, Gradual e Segura” e a Lei da Anistia (1974 – 1979), Diretas Já! (1984 – 1985). A Nova República (1985 até os dias de hoje). As diversas fases do Palácio Tiradentes também vão compor as exposições permanentes. Também estão previstas mostras temporárias relacionadas a datas comemorativas nacionais.
Oficina Escola
A revitalização do espaço contou mão de obra dos servidores qualificados pela Oficina-Escola de Conservação e Restauro. “Iniciamos o projeto com a remoção das instalações que não eram mais necessárias. E depois fizemos todo o inventário do que tínhamos na Casa. E aí, no início de 2022, começamos com a oficina escola com o propósito de formar os nossos servidores para que eles consigam fazer a manutenção desse prédio ao longo dos anos”, explicou a coordenadora da oficina de restauro do Palácio Tiradentes, Simone Algebaile.
O projeto também conta com as parcerias da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, da Câmara Federal, do Senado Federal, do Instituto Cultural Cravo Albin, do Instituto Moreira Salles (IMS) e do Instituto Pretos Novos (IPN).
“Esse foi um trabalho feito a muitas mãos, principalmente, pela relevância do prédio. É um novo ciclo do Palácio Tiradentes e um novo momento que a gente precisa viver com muita alegria e com convicção de que transformar a vida para melhor mais do que necessário é possível”, concluiu o subdiretor de Cultura da Alerj, Nelson Freitas.
Também estiveram presentes à cerimônia o reitor da UFF, Antonio Claudio Nóbrega, e os deputados Waldeck Carneiro (PSB) e Martha Rocha (PDT), e o ex-deputado Átila Nunes (PSD).