Sepe Lagos criticou o posicionamento, que segundo a classe, deveria ser discutido primeiramente com a categoria
As decisões da Secretaria de Educação, em Búzios, foram alvo de críticas do sindicato de professores da região dos lagos, o Sepe Lagos. A categoria se posicionou contrária às decisões tomadas pelo município relacionadas ao ensino a distância proposto na semana passada pelo governo do estado.
“A modalidade de EAD depende de uma cultura educacional, onde os alunos aprendam a trabalhar as ferramentas e toda a organização e a estruturação do curso voltado especificamente para essa modalidade de ensino”, Sepe afirma em nota.
O secretário de Educação do estado, Pedro Fernandes, em entrevista a UOL, pediu paciência e que o modelo de atuação dependerá do tempo de duração da pandemia. Na mesma data da declaração do secretário, 24 de março, a Prefeitura de Búzios publicou em seu site oficial a informação de que com o avanço da pandemia, a suspensão das aulas seria mantida e que estaria implementada, por recomendação da Secretaria Estadual de Ensino, um sistema de “escola a distância (EAD)”. E que os alunos que não tivessem acesso à conexão com a internet, receberiam o material impresso. Destaca ainda no texto que “alunos do município podem assim estudar em casa e se prepararem para as aulas virtuais com novos conteúdos, que serão oferecidas a partir do dia 30/03”.
Pais e responsáveis desses alunos da rede municipal procuraram a Prensa durante a semana questionando a dificuldade em acompanhar o conteúdo, enfrentando impressão, onde tirar dúvidas e como aplicar correções. Como solução, alguns diretores, ainda nesses mesmos grupos ou listas de transmissão no whatsapp, orientam a cópia do conteúdo em cadernos.
A única ferramenta apresentada pelo município até o momento é uma plataforma com o conteúdo no endereço – https://www.educacaobuzios.net/ Não fica claro, no entanto, quais métodos serão adotados se a suspensão for estendida ao longo dos próximos meses. Nem se essa metodologia é adequada ao aprendizado dos cerca de oito mil alunos matriculados na rede. E ainda, se essas atividades contarão para o cumprimento do calendário letivo ou ainda, como serão aplicadas as avaliações.
Em nota, citando além de Búzios, o município de Arraial do Cabo, o Sepe Lagos criticou a decisão “entendemos como inapropriado, irresponsável e assediador que os governos, através de suas secretarias de educação, tomem qualquer decisão a respeito de calendário letivo e reposição de aulas durante essa grave crise sanitária de abrangência mundial, afinal, neste momento o fundamental é voltar toda nossa atenção e orientação na defesa da vida, portanto, profissionais da educação e discentes devem estar preocupados nos cuidados consigo e com a sua comunidade. Toda e qualquer definição sobre como será feita a conclusão do ano letivo deve ocorrer após a pandemia.”
E segue em relação ao governo do Estado, “Consideramos ainda mais grave e autoritário que o governo estadual, de forma oportunista, utilize esse momento de calamidade pública para sutilmente implementar um projeto de privatização da educação pública que se baseia na substituição dos cursos presenciais pela modalidade de Ensino a Distância. Esse é um tema que deve ser discutido de forma ampla e democrática, propiciando a participação de toda sociedade e jamais como uma medida tomada de maneira impositiva e verticalizada, num momento de calamidade pública”.
Leia a nota na íntegra.
A mesma proposta é defendida pelo deputado Waldeck Carneiro, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da ALERJ. O deputado protocolou, na Mesa Diretora da Alerj, juntamente com Flavio Serafini, um projeto de lei que autoriza o Poder Executivo a suspender o ano letivo de 2020 nas escolas estaduais vinculadas à Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) e às fundações ligadas à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), como FAETEC e Fund. CECIERJ, enquanto vigorar o estado de calamidade pública.
“Mesmo com a suspensão, o PL autoriza o Poder Executivo a disponibilizar conteúdos didático-pedagógicos e propostas de atividades, por meio de plataformas ou portais virtuais, a fim de minimizar o impacto da suspensão do ano letivo na formação dos estudantes”, explicou Waldeck.
Pela proposta, o calendário de reposição de aulas observará a legislação educacional em vigor, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), bem como atos normativos editados pelo Conselho Estadual de Educação e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), em especial o Parecer CNE/CEB nº 19, de 02 de setembro de 2009, que disciplina a reposição de aulas suspensas em função de intercorrências graves.
“A Seeduc precisa garantir mecanismos para enfrentar a exclusão digital dos estudantes e dos profissionais da educação. A quantidade de alunos da rede pública que não tem acesso a computador em casa ou ao universo virtual ainda é muito grande. O emprego de plataformas digitais não pode significar o aprofundamento das desigualdades que já se manifestam no aparelho escolar, completou”.
No fim da tarde, um documento com orientações gerais aos pais e responsáveis foi distribuído em grupos de whatsapp.