Tratamento de crianças autistas é o foco dos estudos neste primeiro momento
Nesta quarta-feira (3), a Assembleia Legislativa RJ derrubou o veto do governador Wilson Witzel à lei 174/2019, que trata sobre o cultivo da maconha para pesquisa e uso medicinal. A partir de agora, o Estado RJ passa a ser o único no Brasil a ter autorização para plantar a cannabis que será utilizada em estudos e na fabricação de remédios.
Fruto de um trabalho de mais de cinco anos, iniciado pelo deputado estadual Carlos Minc, a partir da fundação de uma comissão especial na Alerj, que estudou o uso medicinal da cannabis, promovendo fóruns de discussão com participação de médicos, pesquisadores, pacientes que já se tratam com a maconha medicinal, e mães que plantam e fabricam o remédio de seus próprios filhos, esta lei envolve muito debate, e acompanhamento de pesquisas desenvolvidas principalmente pela Fundação Oswaldo Cruz, UERJ e UFRJ.
No Twitter, Carlos Minc comemorou a vitória que vai possibilitar ampliar as pesquisas e promover o acesso ao tratamento com maconha medicinal.
– Vitória dura por 41 votos contra 15, e 6 abstenções. Precisava de 36 votos! Agora a Fiocruz e o Instituto Vital Brasil poderão fazer pesquisas com recursos da Faperj. Este lei apoia estudos e apoia famílias, crianças e adolescentes que precisam do canabidiol, que hoje é caríssimo por ser importado. O projeto não é sobre política de drogas, é sobre saúde, pesquisa e assistência social. Vamos combater o obscurantismo e o preconceito – disse Minc.
Pioneiro nesse debate, o município de Búzios já realizou seminário sobre o tema em outubro do ano passado, unindo prefeitura, secretaria de saúde, a Ordem dos Advogados do Brasil, e a associação Abracannabis, com participação de cientistas, médicos e pesquisadores da UERJ, UFRJ, Fiocruz, UFRRJ, entre outros.
De acordo com o ativista da cannabis medicinal em Búzios, Hamber Carvalho, a nova lei vai possibilitar a montagem de ambulatórios para tratamento com o fitoterápico nos municípios, através das secretarias de saúde.
– Estes ambulatórios vão trabalhar em parceria direta com as instituições e grupos de cientistas que fazem as pesquisas e estudos de ponta. Eles vão fazer a ponte entre a produção científica e os pacientes que necessitam este tipo de tratamento. Ninguém está autorizando ou liberando a maconha para plantio particular, o que está acontecendo é a institucionalização do remédio pelo estado. Agora as pesquisas e o desenvolvimento de remédios, podem ocorrer no estado RJ a partir de plantas cultivadas por cientistas para este fim. Com isso eles não necessitam mais importar extratos da planta, que são extremamente caros, custam em média 2.300 reais o frasco. Dessa forma o remédio se torna acessível para boa parte da população que não tem poder aquisitivo suficiente para pagar tão caro.
Hamber explica que a partir da cannabis medicinal, estão sendo desenvolvidos estudos de tratamentos para diversas doenças como Alzheimer, epilepsia, esquizofrenia e autismo, entre muitas outras. Mas no momento, o grupo concentra o foco dos estudos no tratamento de crianças autistas, uma vez que os remédios a base de canabidiol têm gerado grandes progressos na qualidade de vida desses jovens.