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Por Eduardo Graf

A crise em escala mundial que vivemos atualmente diz respeito em primeiro lugar às nossas diferenças de sensibilidade e compreensão das coisas e acontecimentos. Acreditamos, temos nosso desejo reduzido a alguns determinados afetos e achamos que pensamos, tudo isso de forma pré-estabelecida, assim como nossa subjetividade é calculadamente produzida.

Podemos dizer: Não preciso de Deleuze, faço minha meditação, vou à igreja, pratico esportes, tenho outras prioridades, estou de bem com a vida etc, mas será que isso é realmente suficiente?

O diagnóstico de nossos tempos está dado, e fingir que não se trata de nós ou ignorar problemas alheios ou coletivos não ajuda em nada a mudar o estado de coisas. As saídas freudo-marxistas estão comprovadamente fadadas ao fracasso e o que Deleuze chama de linhas de fuga ou fazer fugir não tem nada a ver com os escapismos e fugas propostos pelos mais moderninhos, perversos ou por filosofias orientais. Não adianta fazer Yoga, tapar os olhos com uma venda ou se fechar em guetos e grupelhos (coletivos) para encontrar a paz e a “felicidade”, você ainda vai ter que mandar seu filho para a rua,  voltar para casa no final do dia, saber como andam as coisas lá pela Coréia do Norte, na Alerj, na Maré ou na Líbia!

O que a ciência política, e uma sociologia muito ligada ao marxismo e à psicanálise não dão conta é de todas as instâncias micropolíticas que envolvem os acontecimentos da ordem social que nos são impostos por uma formação social não apenas injusta, mas demente em primeiro lugar, a do capitalismo. Tudo que ocorre em escala Macro depende da coexistência ou do co-funcionamento de dois regimes, o molar e o molecular. Não há nada que ocorra macro socialmente, nenhuma política, relação de poder, ordem ou vontade, que não pressuponha acontecimentos micropolíticos ou fluxos moleculares. Não adianta se gabar que estuda física quântica, se ainda não tiverem realmente entendido isso, entendem?

Enquanto estivermos tentando dar conta do social apenas pelas contrariedades macropolíticas de determinadas sociedades, suas diferenças de classes, estruturas, regimes políticos, estratificações e demais formações molares, não saberemos o que são as massas moleculares, os fluxos descodificados, ou seja, aquilo sem o qual não ocorreriam as mudanças para o bem ou para o mal em nível molecular. O mais incrível é que o capitalismo há muito se deu conta disso, e sempre que algo escapa (fluxos) ele trata imediatamente de conjugar, reterritorializar, sobrecodificar ou axiomatizar o quanto antes, para que não haja mudanças na ordem social.(França, maio de 68??). Ou seja, nossa esquerda está comendo mosca já a algumas décadas e vai continuar assim até que entenda e comece a lidar com a produção de subjetividade e suas consequências em escala mundial.

Mas e quem é de direita, não precisa ler este texto, não é para vocês?

Ser de direita ou de esquerda é uma distinção ou postura que já pressupõe uma ignorância, e foi aí que muitos intelectuais, das mais importantes instituições internacionais ficaram ressentidos com esta maravilhosa dupla, Gilles Deleuze e Felix Guattari, que nos mostraram com toda sua potência e velocidade, que antes desta bipolaridade inócua, devemos pensar as relações de forças que submetem a todos, do ascensorista ao acionista, mesmo que nessa relação alguns privilegiados se digam de direita. Somos Neuróticos, perversos ou psicóticos, e isso independe de nossa posição em uma economia política. Só deixaremos de ser desta maneira, se conhecermos outras formas de pensar e viver, que são muito novas e às quais, os mais renomados doutores, que trabalham pela continuidade das políticas macrossociais e da axiomática capitalista, fazem questão que você não conheça.

Leia mais Eduardo Graf no Prensa. 


Eduardo Graf
*Entrou em contato com a obra de Deleuze em 1989, tendo sido aluno, por ordem cronológica, de Luiz Izidoro, Claudio Ulpiano, Bruno Cava e Amauri Ferreira. Interessados em palestras em Búzios e formação de grupos de estudo favor entrar em contato pelo [email protected]

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Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

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