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Afastamento é saúde: Dilemas do Auto-Cuidado

Eu que sempre fui uma pessoa que gosta de fazer muita coisa, me senti sufocada, por fazer tanta coisa, pra tanta gente e produzir pouquíssimo pra mim, sobre mim. Tinha dias que eu não queria responder e simplesmente não respondia, mas produzindo com outras pessoas, estando em situações eu não conseguia me desvincular verdadeiramente, tinham sempre mensagens incômodas me esperando, ligações insistentes, pra falar em nome do coletivo, pra estar em manifestação, pra ir à reunião, eu que tinha muito orgulho de ser Talytha, queria só ser a jovem que assiste série e não tem uma opinião sobre a atual situação política.

Não queria falar de política, nem de conflitos, nem de comemorações em nome de torturadores, eu queria só silêncio e tempo, pra ouvir minha música, pra produzir o que era do meu interesse, pra assistir desenho, sem me preocupar com rumos de coletivo, acusações de abuso, posicionamento na rede.

Queria estar off-line e quando falei sobre isso, algumas pessoas riram, amigos próximos, usaram a frase: Talytha, você precisa ter uma opinião sobre isso, você é “militoda”, um apelido horroroso que me colocaram, afinal eu precisava me posicionar todos os dias, e tem dias que não quero me posicionar, que eu não preciso.

Eu percebi que ser a “cara do coletivo” tinha deixado o Rômulo instável, e faria o mesmo comigo, cobranças e pesos grandes demais, para duas crianças, querendo ou não, crianças. Pensamos em um coletivo para ser coletivo, mas estávamos nós, envolvidos amorosamente de forma que outras pessoas jogavam funções nas nossas costas, estávamos nós sobrecarregados, e cansados.

O Rômulo se afastar me fez pensar que eu estava tão cansada quanto, mas me achava na obrigação de ficar, aí eu vi que era mais amor do que lógica, era óbvio que eu amo a Ônix, mas precisava ser óbvio que eu me amo primeiro, e sempre vai ser assim.

Sobre as cobranças de posicionamento, eu simplesmente parei de responder, tantas pessoas por aí cobrando de mim comportamentos que faltam nelas, inteligente demais pra permanecer nesses ambientes.

Me coloquei disposta a viver dois meses só pra mim, produzindo coisas diferentes, que me chamam atenção, tô tirando férias da militância, tirando férias dos posicionamentos sensatos, e ignorando as cobranças, e escreverei aqui sobre férias de uma mulher crítica por natureza e gostando muito de estar ausente.

 

*Talytha Selezia é mulher preta e integrante do Coletivo Ónix

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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