Casal era funcionários da APAE Búzios. Reginaldo Farias, Laudiceia Rodrigues e as duas filhas morreram no local
Reginaldo Farias e Laudiceia Rodrigues eram moradores de Unamar, segundo distrito de Cabo Frio, e trabalhavam na APAE de Búzios. De acordo com Elenice Martinet, presidente da instituição e amiga próxima da família, o casal estava indo passar o natal com a família de Reginaldo, em Silva Jardim. Elenice conversou com a Prensa sobre a tragédia e lamentou a perda dos amigos, ela disse: “Além deles serem colaboradores da APAE Búzios, nós tínhamos um vínculo de amizade muito forte de anos”, contou ela. A morte da família gerou comoção dos funcionários, pais e assistidos da APAE.
A tragédia aconteceu na noite de quarta-feira (23), na BR-101, próximo a Macaé, após o carro de passeio em que estavam Reginaldo Farias, Laudiceia Rodrigues e as duas filhas Sophia, de 12 anos e Soraya, de 5 anos, bater de frente com um ónibus da Auto Viação 1001. De acordo com a concessionária responsável pela via, família morreu no local do acidente. O ônibus transportava 27 passageiros, mas nenhum deles sofreram ferimentos.
Segundo as informações, a batida aconteceu após Reginaldo Farias invadir a pista contrária em um trecho duplicado, e colidir de frente com o ônibus, que saiu do Rio de Janeiro com destino à Macaé. A suspeita é de que ele tenha se confundido com o trânsito após deixar um trecho em pista simples.
Elenice relatou que Reginaldo havia perdido a mãe para um câncer a poucos dias antes do acidente, e por este motivo ele decidiu fazer a viagem para passar o natal com a família. “Ele pegou um carro emprestado com um amigo, porque ele não tinha carro, e veio buscar elas (mãe e filhas). Dez e meia da noite, mais ou menos, a irmã dela me mandou mensagem dizendo que tinha morrido todo mundo. Eu nem acreditei, achei que fosse uma brincadeira, mas infelizmente quando eu fui procurar saber de verdade, ligar pra irmã dele do Rio, confirmou a morte dos quatro de imediato”, disse ela.
Sobre Reginaldo e Laudiceia
Laudiceia era auxiliar de turma na APAE e Reginaldo era oficineiro e desenvolvia um trabalho de autonomia com os assistidos. Elenice, presidente da APAE Búzios e amiga da família, conta que o casal era muito importante para a instituição. “Eles eram duas pessoas fundamentais para esse trabalho. As mães eram apaixonadas por eles porque tinham um carinho especial pelas crianças. Não tinham nojo, não tinham discriminação. Principalmente ele, que mexia com a terra. Ele trabalhava essa autonomia da criança produzir alimento, ensinar mexer na terra e cultivar. As crianças o imitava, queriam estar atrás dele o tempo todo. Então era uma importância muito grande. As crianças que são maiores, que sabem do fato, estão sofrendo bastante”, contou.
Elenice contou ainda que o casal vai fazer muita falta casal para a instituição, “porque é raro a gente encontrar pessoas como eles”. Emocionada, a presidente disse: “Todos os funcionários estão sem chão, imaginando que não é verdade. A gente ainda não acredita no que aconteceu. Foi uma fatalidade muito forte… O que fica é a saudade, o carinho e o respeito”. Em homenagem ao casal e as filhas, a APAE Búzios postou um vídeo no Facebook com fotos da Família. Uma parte da legenda da postagem diz: “Nós da APAE BÚZIOS, estamos de corações partidos, sem acreditar no ocorrido. Pedimos forças a Deus e que ele console nossos corações e de todos os familiares e amigos. Hoje, o que nos fica, são as lembranças felizes que vocês proporcionaram a todos nós e a eterna saudade”, divulgou a instituição através da postagem.
Perigoso trecho da BR-101
A BR 101, que passa na altura de Macaé, já tem um histórico de ser um trecho perigoso e diversos acidentes já ocorreram no local. O perímetro é considerado um dos que mais provoca acidentes com morte na BR Norte. O trecho é centro de uma discussão antiga entre os poderes municipais e estaduais. O tema debatido é sobre a duplicação de pista no local, que gera ao menos oito anos de debate entre parlamentares e audiências públicas.
As conversa sobre a duplicação passam pelos poderes legislativo e executivo há pelo menos quatro anos, entre audiências públicas, debates na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e a formação de uma comissão parlamentar que discute melhorias para o perímetro. Enquanto isso, acidentes continuam a acontecer. No fim de setembro, um acidente com caminhão deixou um homem ferido na altura do trevo dos 40, Km 144. No início de dezembro, uma outra tragédia deixou um PM morto e três feridos na altura do quilômetro 174 Sul. De acordo com as informações, o local registra a média de uma vida perdida a cada dia.
Em janeiro deste ano, a concessionária Arteris Fluminense, que administra a pista, anunciou que as obras de duplicação entre os Kms 144 e 177 se iniciariam em março e que durariam 36 meses. Porém, os 13 quilômetros que atravessam a Reserva Biológica União não têm prazo definido para início, já que ainda estão em fase de licenciamento ambiental. As obras não podem começar antes da emissão do documento pelos órgãos responsáveis.