Não houve jeito. O futebol não teve forças para impedir que a edição de vídeo, a câmera lenta, a gravação, o replay, não entrassem em campo. Em 2019 o campeonato brasileiro de futebol usará o VAR (Video Assistant Referee). A CBF chamou os clubes e eles foram unânimes, como não podia de ser, afinal, não houve quem não reclamasse da arbitragem em 2018. Praticamente todos se sentiram lesados ao longo do ano (resta saber quem foi o beneficiado), mas agora acreditam que a tecnologia minimizará os erros.
Então isso quer dizer que vencerá o mais eficiente dentro de campo. E que ninguém sairá do campeonato dizendo que perdeu um caminhão de pontos e por isso sequer vaga na sul-americana conseguiu. Porém toda essa fé em um campeonato mais honesto terá um custo. Para cobrir os 380 jogos previstos no calendário alguém vai desembolsar R$19 milhões. Desses a CBF arcará com R$12 e os clubes dividirão o resto da despesa, o que dá uma fatia de R$348 mil para cada um.
Mas vejam vocês: ano passado, porque não teve VAR? Por que a CBF alegou que ganhava pouquíssimo com o campeonato brasileiro de futebol! E queria que cada clube pagasse R$1 milhão para ter a presença do VAR nos jogos. Entretanto, esse ano uma empresa chamada Hawk-eye, venceu a licitação e os custos baixaram!
Que sorte! Deve pensar um desavisado. Não se iludam. Não vai demorar para sabermos de um esquema fraudulento envolvendo a licitação, os valores e os pagamentos. Infelizmente, embora eu apoie o VAR, não sou nada otimista com a política futebolística brasileira.
*Rafael Alvarenga é professor de filosofia e apaixonado por esportes