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Quando digo eles, são os jovens, moradores de favela e minimamente cientes de que o CEP deles pode ser uma sentença. 

A minha bolha de convivência me permitia estar cercada de artistas, professores, debatendo assuntos e fazendo questionamentos que atingiam aquela realidade. Quando eu furei, sem nem perceber, essa bolha, fui jogada no meu próprio bairro, em que sempre teve um tráfico de drogas significativo, em que a polícia sempre chegou de forma mais rude, apesar de sempre ouvir falar.

Só então percebi que debatendo com pessoas iguais a mim, de militância, eu passava despercebida pela violência inserido no meu dia a dia, afinal é mais fácil ler notícias do que ser testemunha em vida.

Comecei a ouvir como era pra eles, sempre que acontecia uma confusão policial, sempre que eram resumidos a números de detentos ou de ficha criminal, alguns envolvidos com o tráfico e outros que só cresceram ali e tinha o seu círculo de amizades ali.

Eram rapazes com muitos sonhos, caminhando dentro da própria realidade, fazendo descobertas e nem todas muito boas, mas a vida é assim, a diferença é que outros jovens conseguem se redimir, eles logo tem a sentença de morte imposta e disposta a acontecer a qualquer hora.

Amigos que trabalhavam de dia, e queriam beber cerveja de noite, com seu boné pra trás, e seu cigarro na orelha, mas que tremiam ao ver o carro da polícia e me explicavam que “polícia gosta de fazer covardia.”

Era isso que eles temiam, serem confundidos a qualquer momento, forjados, injuriados, resumidos a saudade.

Com esses caras que na convivência de quase três meses, falaram mais de sentimentos do que outros, aparentemente mais “sensíveis”, caras que alguns na vida errada, me mostraram arrependimento e vontade ter uma boa convivência com o pai, outros, mesmo com carteira assinada, fazendo dupla jornada, ainda sentiam medo da covardia, e do que iam dizer pra sua mãe, caso algo acontecesse.

Esses me ensinaram vivência

Me mostraram que nas vielas é diferente, até guarda-chuva, boné, celulares são armas, segurando minha mão quanto veem as “barcas” para que o coturno nunca achasse nem a canela, nem a cara.

Isso foram três meses de aprendizado puro, de olhar com muito mais sensibilidade para aqueles rapazes.

De ver que estatística tem nome, pai, mãe, sonhos e amigas/os.

 

*Talytha Selezia é artista de Cabo Frio

Noticiário das Caravelas

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