Esta semana começou a primeira grande batalha do governo Jair Bolsonaro. Ela está sendo travada no campo da Previdência Social, e o destino dessa batalha pode definir o futuro político do atual governo.
No entanto, apesar de toda a discussão na imprensa, se perguntarmos a um cidadão comum, o que significa esta reforma e o que está em jogo com esta mudança, poucos vão dar uma resposta satisfatória.
Falta de informação é que não há. Afinal, somos bombardeados todos os dias com milhares de notícias em todos os meios de comunicação. Há estudos de todos os tipos sobre a Reforma da Previdência, a favor e contra. E no entanto, a desinformação existente faz parecer que a medida está sendo discutida na calada da noite e nos porões do poder.
Ou seja, ao mesmo tempo em que existe uma enorme quantidade de informação disponível tal quantidade não é por si só, responsável por produzir um debate mais equilibrado e lúcido sobre a Previdência.
O campo da oposição, liderado pelo Partido dos Trabalhadores, até agora não apresentou uma proposta a ser considerada como um contraponto ao projeto de reforma do governo Bolsonaro. A Esquerda, de uma maneira geral, perde assim uma excelente oportunidade de apresentar-se como um real contraponto ao governo Bolsonaro.
O que pretendo dizer aqui é o seguinte, se a oposição ao governo Bolsonaro apresentasse uma outra proposta à reforma da previdência do governo Bolsonaro, a população muito provavelmente veria esta oposição de uma maneira diferente. A oposição não seria vista apenas como um grupo perdedor e que agora torce “para que tudo dê errado”, algo que repercute muito mal entre os eleitores. Afinal, quem torce para “o circo pegar fogo”, segundo a lógica deste eleitor, não tem nada a oferecer. A oposição ao governo Bolsonaro perde assim a primeira grande oportunidade de apresentar-se como uma real alternativa ao seu projeto político. Mas afinal de contas, por que motivos a oposição não possui nada melhor a oferecer, em contraposição ao projeto do governo de Reforma da Previdência?
Uma das explicações é que na verdade, a oposição e aqui no caso ela é representada principalmente pelo Partido dos Trabalhadores, não apresentaria algo muito diferente do que o governo Bolsonaro pretende levar ao Congresso Nacional para votação, caso estivesse no governo. Ou seja, do ponto de vista estritamente técnico, na eventualidade de uma vitória de Fernando Haddad o projeto de Reforma da Previdência seria no mínimo, muito parecido com o modelo apresentado por Paulo Guedes.
Ora, seguindo a lógica do eleitor este poderia perfeitamente deduzir que se ambos os governos apresentam basicamente a mesma coisa, então, por que não apostar naquele candidato que aos seus olhos se apresentava como “novo”?
Sou de opinião de que isto pesou na decisão deste eleitor, e continua a pesar. Por isso, considero a ausência de uma alternativa da oposição ao Projeto de Reforma da Previdência como a Segunda Derrota da Esquerda, depois das Eleições de 2018.
*Paulo Roberto Araújo é professor de História e suburbano convicto