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Barry Jenkins, by Daniel Bergeron. Indiewire 2016. No PR/No Release on file.

 

Esses dias li uma entrevista do Barry Jenkins no NY Times sobre um pouco de sua personalidade e seu processo criativo. Barry Jenkins, para quem não sabe, ganhou o Oscar de melhor filme com Moonlight e está com um filme baseado na obra de James Baldwin chamado If Beale Street Could Talk

Adaptar uma obra do James Baldwin não é a toa. Assim como percebemos em Moonlight e na extensão, em um outro filme dele chamado “Medicine for Melancoly”, ele opta por retratar a parte sensível de personagens pretos, além de um processo de identificação de reações diante do racismo institucional.

O racismo trabalha com a privação de recursos e a falta de autonomia de um grupo diante de suas preferências, interesses e mobilidade e aí o recurso argumentativo de Barry Jenkins é mostrar seus personagens lidando com isso dentro de sua parte sensível. O mesmo caminho optado por Baldwin em sua literatura.

Pense, como se desenvolve o subjetivo numa estrutura racista, partindo do pressuposto lógico de que vivemos numa lógica diária de achatamento. Como lidar com outro, com seus sentimentos, com sua expressividade, com o que você considera como válido ou não?

Meus pais são casados 37 anos e a figura do meu pai sempre foi um motivo de intriga para mim. Meu pai não é um sujeito carinhoso comigo, lembro dele ter me abraçado apenas uma vez. Só que ele é um pai exemplar, não pelos abraços, mas por nunca ter me deixado na mão. O carinho dele para comigo sempre foi me dar condições mínimas para exercer minhas faculdades, seja ela artísticas e intelectuais e ele fez isso me dando um teto, comida e dinheiro sempre quando necessário.

Barry Jenkins prefere mostrar esse lado e todas nossas dificuldades de se situar dentro de um grupo, de uma comunidade, de uma família por conta de expectativas que muitas das vezes, são expectativas vindo de quem detém os recursos para inclusive influenciar nossas preferências e obviamente gerar conflito entre nós pelo simples fato da gente não conseguir concretizar essas preferências induzidas.

Uma armadilha sútil, porém eficaz e potente, em que a arte é um vetor de se escancarar isso de maneira política e sensível. Somos considerados uma categoria subalterna e aí todos nossos passos são devidamente controlados e monitorados, seja pelas instituições, seja pelas induções, onde a mídia tem um papel proeminente e decisivo nesse controle.

Imagina um casal de jovens pretos em que a mulher está grávida e de repente o homem é preso acusado de um crime no qual ele não cometeu. Quais seriam as consequências disso pro homem, pra mulher e para a criança que nascerá? A arte pode ser um caminho para se mostrar essa realidade e não só isso, perceber que sem um sensível equilibrado, não se dá para se fazer mudanças sociais.

Num momento histórico que as opressões se acentuam e devemos estar atentos aos diversos interesses que tão em jogo antes de propor qualquer tipo de mudança real aos grupos subalternos, entender o subjetivo de quem passa sufoco é tão político quanto as representações em espaços decisórios.

Barry Jenkins entendeu isso, James Baldwin também. É um caminho para se fazer diferente dos manuais de revolução. Quem vem?

 

*Fabio Emecê é Mc, poeta, professor e sensível

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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