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A ideia de mulheres fortes a qualquer custo está chegando ao ponto do doentio, mulheres que não entendem suas fragilidades, e consequentemente não sabem respeitar essas partes nelas mesmas, como se a sensibilidade fosse anular ou desmerecer sua força.

Quando falo em fragilidade é saber onde as coisas doem, onde feridas não precisam ser reabertas, e outras precisam ser mexidas, fragilidade por não querer, ou por preferir se escolher, entender de onde se é frágil para que não dê acesso a qualquer um, assim não seria precarizada, saber quando sua própria fragilidade te torna mais forte.

Temos a ideia de que fragilidade e força são conflitantes, quando na verdade podem ser complementares. Que tenhamos a força necessária para nossa própria sobrevivência, força na resposta contra violência, no enfrentamento, força que precisamos para sermos livres no nosso próprio corpo, e sensibilidade para respeitarmos nossas fragilidades, olhar com amor para nossas próprias inseguranças, para que consigamos cuidar de nós mesmas, e sermos fortes de dentro pra fora.

A força compulsória nos é colocada muito cedo, quando se diz que uma menina amadurece mais cedo, quando temos responsabilidades femininas tão jovens ainda, devemos tirar a ideia de que não podemos errar.

Um homem, quando erra, é tachado de infantil, uma mulher é colocada como inconsequente, que não se dá ao respeito, isso vai das noitadas até o abandono dos filhos.

Mas antes de sermos mães, amigas, esposas, companheiras, estudantes, trabalhadoras, somos pessoas, que as vezes cansadas, precisam dizer que não estamos bem, chorar por 10 minutos, ou deixar de lavar a louça, e não se preocupar. Precisamos as vezes pedir colo, e ainda assim sermos extremamente fortes.

Quando na última crise eu pensei em suicídio, e me senti insuficiente, o amor-próprio, que foi por mim construído com tanta luta, me salvou.

Pois na total solidão e conflitos sentimentais, nós somos nossas únicas companheiras, o autoentendimento, a autopreservação nos causa mudança, e afasta a ideia de mutilação, seja física ou psicológica.

A construção da força é trabalhosa, o conhecimento sobre nós mesmas e nossas vontades é trabalhosa, porém é valiosa, pois invalida o discurso da rivalidade feminina, nos dá autonomia na própria autoestima e corpo.

Tirar a máscara de mulher forte e inabalável, torna nossa verdade gigante e incontestável, e faz a gente respirar melhor.

Talytha Selezia é poeta, mulher preta e integrante do Coletivo Ónix

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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