Prefeitura de Búzios rompe contrato com Circolo Social e comunidade buziana protesta nas redes sociais
Mesmo mantendo aulas e encontros virtuais com os alunos de segunda a sexta, através de conteúdo online, o Projeto Circolo Social, da Associação Bem Querer, teve seu contrato suspenso, por iniciativa da Secretaria de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico de Búzios, no último dia 20.
A suspensão provocou uma onda de comentários nas redes sociais, que chama a atenção para o quanto o projeto é importante para a comunidade buziana. A grande acolhida da população surpreendeu os próprios integrantes do Circolo, que garantem que vão manter o cronograma de atividades na internet, enquanto a equipe tiver condições de produzi-las.
De acordo com Marina Makhohl, coordenadora pedagógica do Circolo Social, desde o dia 20 de março, logo após o fechamento das escolas, o grupo tem mantido as aulas e o contato permanente com os alunos através da internet, com produção contínua de conteúdo.
– Não interrompemos o projeto em nenhum momento. Temos grande esforço de trabalho para manter o grupo em atividade. Toda segunda, quarta e sexta temos aula às 15h. Abordamos movimento, fazemos exercícios físicos, oficinas de confecção de malabares, temos o apoio de uma professora de Educação Física que revisa nosso plano de aula para que os exercícios sejam seguros para os alunos fazerem sozinhos em casa. Temos professores que acompanham as aulas só para olharem a técnica de cada aluno, corrigindo posturas. Às 18h30 temos sempre uma live em que trazemos entrevistados, as terças e quintas temos às 14h, aulas específicas de exercícios físicos e roda de conversa ao final. Disponibilizamos espetáculos de circo, teatro, dança, para os alunos assistirem e até um calendário de atividades para que eles sigam uma rotina de exercícios e auto conhecimento. Enfim, estamos nos dedicando e tentando negociar com a prefeitura – explica.
Marina conta que o contrato com a prefeitura prevê um termo aditivo que permite a redução ou o aumento de até 25% do valor. Segundo ela, o grupo ofereceu esta redução, e chegou a dizer que aceitaria reduzir mais, alcançando 40%, mas a secretaria de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, responsável pelo projeto, queria uma redução de 70% do valor.
– Eles nos enviaram um ofício apresentando esta proposta na semana passada, e pelas razões alegadas para o corte de 70%, percebemos que eles desconheciam o nosso trabalho, e não estavam acompanhando os relatórios que enviamos continuamente. Então respondemos ao ofício, explicando novamente tudo o que temos realizado junto aos alunos, e para nossa surpresa, eles responderam suspendendo o contrato enquanto durar a pandemia – completa.
Ministério Público emite despacho orientando a redução de 25% e a manutenção do contrato
Chamado pelo Circolo Social para acompanhar o processo de negociação com a prefeitura de Búzios, o Ministério Público Estadual emitiu um despacho no qual afirma que a secretaria de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, deve continuar com o contrato, reconhecendo as aulas virtuais. O MP orienta o percentual de 25% como redução do valor mensal a ser pago ao grupo durante o período da pandemia, conforme está no contrato. E acrescenta que aulas virtuais são uma tendência mundial, que deve ser aceita e incentivada, pois ajuda os jovens que já estão sofrendo em confinamento.
Marina revela que o despacho do MP, aliado à grande manifestação de carinho da comunidade buziana, abriram um novo canal de comunicação com a prefeitura de Búzios. Ela espera que em breve o grupo possa ter boas novas para contar.
Projeto da Associação Bem Querer, o Circolo Social já existe na cidade há 17 anos, trabalhando com pessoas de todas as idades. Atualmente o grupo tem 375 alunos inscritos.