No Brasil, estamos diante de uma Direita burra e insensível. Gente que diz que a ONU apóia o terrorismo, que há uma conspiração comunista global e que o movimento gay é parte dela. Inventam até que a Lei da Inércia é falsa, que Isaac Newton era burro, que há livros ensinando crianças fazer sexo oral com elefantes, que a mídia apóia os gays para promover o controle populacional. Que o marxismo nasceu do satanismo e Darwin é o pai do nazismo. O nazismo e o FMI são de esquerda. Bill Clinton era um agente de Pequim. Os EUA entraram no Vietnã para perder. Há 40 milhões de comunistas no Brasil. O empresariado nunca se organizou politicamente. A ditadura foi branda e tinha eleições democráticas.
É um mar de sandices sem fim. Segundo essa ralé microcefaliana, pobre é pobre porque merece. Não existe racismo no Brasil. Índio é preguiçoso. Sistema de cotas é racismo contra branco. Trabalhador grevista é baderneiro. Programa social é populismo. Todo camponês sem-terra é vagabundo. A corrupção no Brasil começou em 2003. “Tenho alguns amigos negros”, mas não quero minha irmã namorando nenhum deles. Nordestino afunda o Brasil. “Direitos humanos existem pra defender bandido.” Chega, né !
Tudo bem, sabemos que nossa Direita nunca foi santa, sempre defendeu uma economia neoliberal, privatista, subserviente e entreguista. Defendem abertamente uma sociedade elitista, conservadora, preconceituosa e contrária aos movimentos sociais, e que possuem uma visão das relações internacionais baseada no militarismo e nos interesses anglo-saxões, mesmo sendo considerados por estes últimos como meros cucarachas tupiniquins.
Mas já houve época em que nossa Direita e seus órgãos de imprensa eram mais inteligentes. Lembro bem como Roberto Campos venceu um debate com Luis Carlos Prestes realizado pela TV Cultura logo após a ditadura. As limitações livrescas de Prestes, preso ao Capital, de Marx, fizeram a glória do erudito Campos.
https://www.youtube.com/watch?v=glIKTSRXXMQ
Os direitistas, há 30 anos, usavam textos de Adam Smith, Stuart Mill, Edmund Burke, Alexis Tocquevile, Pareto e Mosca. Já houve épocas em que citavam de cor o grande Raymond Aron, teórico que tentou destruir o conceito de “Capitalismo” trocando-o pelo de “Sociedade Industrial”. Seus divulgadores eram colunistas moderados de grande inteligência para passar a imagem de que não eram radicaloides de Direita mas que tinham alguma sensibilidade social e que queriam o bem comum.
Hoje, a Direita se vale apenas de termos ofensivos para se dirigir à esquerda: “esquerdopatas”, “caterva”, “vagabundos”, etc.. É a pobreza intelectual elevada à enésima potência. Hoje, se contentam em ler Reinaldo Azevedo, Olavinho, Diogo Mainardi, ter inspiradores um japonês limitado, o ator pornô Alexandre Frota e um negro que odeia negros, sem falar dos apelativos Roger e Nando Moura. Todos eles com grau de estudo mínimo, para sermos educados.
Essa Direita pobre nada criou desde então o fim da ditadura: ainda propõe a diminuição completa do Estado, o fim da legislação trabalhista e a completa desregulamentação da economia. Mal sabem, em sua ignorância cavalar histórica (ou má fé), que suas “brilhantes” sugestões, na verdade centradas em cópias das teorias neoliberais dos Chicago Boys dos oitenta, foram implementadas na Argentina e no México na década de noventa com resultados catastróficos para ambos os países, que viram o empobrecimento acelerado de suas populações, concentração de renda e falência do Estado.;
Mas eles não estão nem aí pois seu objetivo é apenas legitimar as injustiças do país, justificar a posição da elite como elite, mesmo que para isso tenham que manter milhões de pessoas vivendo na Idade Média.