O Brasil, que tem tantas questões, e todas tão importantes, nos faz ter um surto de causas, dando uma importância exagerada a algumas pautas, e quase que anulando a discussão sobre outras.
O Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, usávamos isso como uma de nossas mais orgulhosas propagandas, era nossa chance de ser mais do que samba, carnaval e futebol. Para manter esse status, escolhas perigosas têm sido feitas e o brasileiro que mal consegue acompanhar as mudanças sociais e econômicas da cidade, está a ponto de desconhecer mudanças no campo.
Estou falando sobre mais 31 agrotóxicos que no dia 21/05/2019 foram registrados, e dos outros 450 registrados em 2018. Nos últimos três anos a aprovação de novos produtos cresceu significativamente. Entre 2000 e 2010 cresceu em 100% o uso de químicos no planeta, isso me parece violência, e não modernidade.
Já existia uma crescente preocupante no movimento pró-pesticida, e atualmente fomos expostos ainda mais a essa realidade, com escolhas governamentais.
Três dos produtos registrados derivam do glifosato, produto que de acordo com dados estadunidenses, está associado a um tipo de câncer.
Em 2011, cada brasileiro consumia 5,2 litros de agrotóxico por ano.
Dentro da minha bolha “informativa”, que particularmente, não é ruim, eu ainda recebia pouca informação sobre o uso de pesticidas e as escolhas da bancada ruralistas.
Quando eu percebi minha inércia sobre esse assunto, quase me culpei e depois eu percebi que verdadeiramente, eu só estava seguindo um fluxo, falando sobre assuntos que eles nos colocavam, para cobrir de forma eficaz verdades sobre nosso plantio, consumo e economia.
O agronegócio é considerado motor da nossa economia. Eu, uma criança assustada com informações recém-recebidas, governos que decidem acatar tudo que vem dos ruralistas, seja sobre o uso excessivo de químicos, a tomada de terra dos indígenas e diminuição na fiscalização, contra um povo que recebe meia informação, manipulada, com palavras difíceis e discurso que só chega na galera universitária, na real minha mãe não sabe da metade do que tá rolando e isso é muito perigoso.
Para falar de agrotóxicos, precisamos falar de reforma agrária, de educação econômica, transparência na política, leis de preservação ambiental, sistema eficaz de fiscalização, e punição para quem desrespeita. Temos que falar do povo e isso não parece ser do interesse dos bobos.
Talytha Selezia é artista de Cabo Frio