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Antes eu só escrevia, achava que não era nada verdadeiramente interessante, que não conseguiria leitores com coisas da minha cabeça. Apesar de sempre pesquisar muito, estudar sobre assuntos que minha inspiração depois tornaria poesia, eu não enxergava a grandeza disso na minha vida.

Eu passei por uma trava e por conflitos pra conseguir enxergar que via o mundo com olhos muito próprios e que as críticas nunca foram maior que a minha vontade de conhecer a mim mesma. A poesia foi uma ferramenta facilitadora pra minha aceitação e depois que me aceitei como uma poeta visceral, comecei a caminhar para outras artes, não como uma curiosa, mas como uma apaixonada que não poderia viver sem algo que me fizesse pensar como a música e a escrita ou silenciar como a pintura, desenho e dança vem fazendo.

Quando eu digo silenciar, não no sentido de que essas artes não são críticas, muito pelo contrário, pra mim como pessoa só me atrai o que é crítico, mas a liberdade que eu encontrei para mudar de ideia, de cor, de movimento, em dançar e por alguns minutos ser música e meu corpo, e saber que ter meu corpo preto, feminino em contato com a dança era também um ato de resistência.

Eu achei por algum tempo que eu era poeta, hoje eu sou Talytha, que é poeta e muitas outras coisas, se descobrindo em outras várias e gostando do mutável, não se prendendo a um ideal de “dom”.

É um processo que se faz sem público, minha pintura é feita pra mim, minha dança é pra mim, meus desenhos pra mim, a poesia é minha, mas algumas expostas, sim, mas também feitas pra mim, a descoberta do que as vezes precisa ter egoísmo, ninguém vai gostar 100%do que eu produzi.

A única opinião que vai me fazer mudar algo ou desistir de algo é a minha própria. Me prender a uma arte, porque todos afirmam que sou magnífica nela é me limitar e limitação não me atraí nem como Talytha nem como poeta.

Se alguém diz que está se descobrindo em outras artes, não dê palpites, dê força, uma arte ajuda a outra, minimiza os conflitos desse artista.

Não me diga que eu não sou pra isso, me dê sapatilhas, cadernos e tintas usarei tudo.

 

*Talytha Selezia é mulher preta, multiartista e integrante do Coletivo Ónix

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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