As vezes eu perco ou ganho muito tempo escrevendo, lendo, criando ou simplesmente pertencendo a mim mesma, o que me afasta das redes, e torna a comunicação comigo, complicada e instável.
Eu nunca fui verdadeiramente admiradora das redes, e depois de visualizar uma quantidade de coisa tóxica, saí dali. Eu me vi melhor sem elas. Na construção do coletivo, as redes ajudam muito, praticamente fazem a divulgação e o acesso das pessoas ao que a gente faz muito mais fácil, tentando manter o coletivo na forma mais orgânica possível.
Visualizo uma briga no Twitter e vejo que minhas ideias não cabem ali. Leio postagens vejo que eu discordo, mas não existe necessidade do confronto. Algumas coisas até me fazem mal, a ponto de me fazer chorar por horas, isso me fazia duvidar se eu estava no ambiente certo.
E no caminho pra me tornar esse ser que eu sou hoje, meus amigos me confrontaram, meus pais não entendem e hoje eles me ligam, e sabem aonde me encontrar na maioria das vezes. Dividir meu tempo com coisas de verdade, não ser ansiosa por mensagens, entender que cada um cuida do seu, e o meu é negligenciado por pura decisão própria.
Foi saudável pra mim, foi uma opção certa entender as minhas barreiras ao ler coisas de gente que eu nem gostava tanto assim, em mostrar coisas que eu não queria que fosse vista, estar por status.
Hoje aos 21 eu aprendi a sair, a viver pra mim, a conversar, rindo, sem nem olhar o celular. Eu fiz o casamento perfeito, tempo bem usado e autopreservação, aprendi a ser dependente de mim mesma, isso é importante.
*Talytha Selezia é poeta, mulher preta e integrante do Coletivo Ónix