A queda brusca das receitas das pequenas e médias empresas, principalmente daquelas que trabalham com o atendimento ao público, se tornou uma realidade para os brasileiros da noite para o dia. Apesar das medidas tomadas pelo governo, como corte de juros, adiamento do pagamento de impostos e aumento da liquidez das instituições financeiras para prover crédito, o fato é que a crise gerada pela pandemia vai levar muitos negócios à falência. Mas, ao mesmo tempo, é em tempos difíceis que novas oportunidades surgem e podem acelerar processos como a transformação digital das empresas. Confira a dica de especialistas.
1 – Saber o que o cliente deseja
O primeiro passo é entender as ansiedades dos clientes. Para isso, a tecnologia está a favor dos negócios através do uso da inteligência artificial. O sócio-diretor da Neurotech Rodrigo Cunha, afirma que atualmente algoritmos já permitem que cerca de 5 mil variáveis sejam avaliadas para o aprimoramento da gestão das experiências com o consumidor. Elas vão desde a forma como a pessoa manuseia o mouse até a velocidade da digitação. Desta forma são encontrados padrões de comportamentos.
“É extremamente importante tratar o cliente exatamente como ele está se sentido neste momento, onde prevalece a insegurança”, diz Cunha.
2 – Priorize a necessidade dos seus clientes
Ao entender os anseios do consumidor, a empresa deve fazer de tudo para atendê-los, priorizando suas necessidades. Uma clínica médica, por exemplo, pode se manter próxima ao paciente ao prover serviços de teleatendimento.
Para o sócio da DOC Concierge, empresa especializada em soluções financeiras para a classe médica, Renato Marques, assim como o mercado de restaurantes precisou se adaptar e basear sua operação no sistema delivery, os empreendimentos médicos terão que investir no atendimento remoto com base tecnológica para atravessar esse momento crítico.
“Não são todas as situações que permitem o uso do teleatendimento. Em alguns casos, a presença física é indispensável. Mas mesmo nos casos em que ele se aplica, é preciso seguir todas as recomendações para alcançar os melhores resultados”, ressalta.
3 – Empatia, sensibilidade e solidariedade
Segundo o sócio-diretor da Adaction, veículo de comunicação especializado em ações de mídia digital, Thiago Cavalcante, o país está num momento no qual a empatia, a sensibilidade e a solidariedade serão muito valorizadas. Presas em suas casas, as pessoas desejam ouvir vozes conhecidas, ver pessoas amadas e buscar informações de alguém em quem possam confiar. Neste sentido trabalhar com influenciadores é uma forte estratégia. Porém, mandar vídeos com algum famoso sugerindo algum produto para um mailing geral seria um suicídio de imagem tanto para a marca como para o famoso.
Para evitar este erro ele reforça o recado de que a Inteligência Artificial permite entender o comportamento do consumidor por meio de sua navegação.
“É preciso detectar o momento e a forma de fazer com que a participação de um influenciador, por exemplo, seja recebida como uma ajuda bem vinda na hora certa e não como uma exploração comercial insensível”,”, explica.
4 – O fluxo de caixa precisa fechar
A crise servirá para um grande aprendizado no que se refere a finanças pessoais e corporativas. O gestor deve aproveitar esse momento para rever todos os gastos e eliminar gargalos. Dados de mercado dão conta que, até o mês passado, cerca de 90% das empresas de pequeno porte tinham capital de giro para seu dia a dia, mas não um colchão de liquidez para se proteger.
“Esse grande susto ensinará sobre o benefício de um comportamento mais precavido quando as coisas estão indo bem. Imprevistos sempre acontecem”, conclui Marques.
5- Inovar com foco em receitas
Apesar do momento sugerir que projetos de inovação fiquem de lado em função de preocupações mais urgentes, a saída pode estar justamente na aceleração rumo a novas ideias, porém com um ajuste de foco.
De acordo com Marcelo Nicolau, sócio-diretor da Play Capital, consultoria de inovação e venture builder, o momento é de apostar em inovações mais simples e imediatas que resolvam problemas momentâneos e que possam gerar receita às corporações no curto prazo, deixando as ideias mais ousadas e disruptivas para uma situação mais propícia a este tipo de investimento.
Ele afirma que já existe um movimento de seleção mais racional e menos glamourizado na escolha de projetos a serem implementados. “O que as empresas vão precisar nos próximos meses é de uma capacidade prática de tirar projetos do papel e fazer com que tragam resultados comerciais o quanto antes”, diz.