2017 termina e falta pouco menos de um ano para as eleições presidenciais de 2018, e o assunto já toma conta do debate público brasileiro. Políticos conhecidos dos eleitores, estão há, pelo menos, um ano viajando pelo Brasil para consolidar suas candidaturas. o Ex-presidente Lula (PT) está percorrendo o país e juntando milhares de pessoas em uma bem sucedida caminhada com pouca cobertura da chamada “grande mídia”, mas com larga visibilidade nas redes sociais.
Depois de 28 anos sem visitar Campos dos Goytacazes, região norte do Rio de Janeiro, em um compromisso de campanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou para cerca de 5 mil pessoas, entre apoiadores e um grupo de aproximadamente 300 opositores durante o primeiro ato da Caravana Lula Pelo Brasil no estado do Rio de Janeiro, na terça-feira (5) à noite, na Praça do Liceu.
Lula segue na dianteira na corrida ao Planalto, segundo levantamento divulgado no início deste mês pelo instituto Datafolha.
Dependendo da relação dos candidatos adversários exibida aos entrevistados, o ex-presidente varia de 34% a 37% das citações. O candidato ultra conservador e militarista Bolsonaro, em geral, aparece com 18%.
No entanto, os números que mais chamaram a atenção de especialistas não foram esses. De acordo com o Datafolha, 46% da população não demonstra preferência por nenhum candidato, ao menos quando o assunto é citação espontânea. O número já foi maior em pesquisas anteriores, mas, ainda assim é muito alto.
“Se você tem quase 50% dos eleitores que da sua própria cabeça não podem citar um candidato de sua preferência, isso é muito prejudicial ao próximo passo da simulação, que é de mostrar o cartão com os nomes dos candidatos. Uma coisa é muito destoante da outra”, analisa o cientista político e professor da Universidade de Brasília David Fleischer.
Na intenção de voto espontânea, quando o nome dos possíveis candidatos não é apresentado, Lula é citado por 17% (tinha 18% em setembro deste ano), e Bolsonaro, por 11% (tinha 9%). Com 1% cada aparecem Ciro, Marina, Alckmin, Álvaro Dias e Temer. Os demais não atingiram sequer 1%.
O especialista afirma que as pesquisas não servem de real parâmetro para o pleito do ano que vem, já que são apenas um retrato do atual momento. Nos próximos meses, segundo ele, novas candidaturas podem surgir e outras desaparecerem.
Historicamente, o brasileiro demora a escolher seus candidatos. Em julho de 2014, por exemplo, 55% dos eleitores ainda não sabiam dizer em quem votariam. Para Bruno Garschagen, um dado mais “robusto” e “fiel” da realidade só será alcançado em meados de março ou abril do ano que vem, uma vez que “o quadro de candidatos já estará mais claro, inclusive para a população”, finalizou.
As ponderações de Fleischer também são observadas pelo escritor e cientista político Bruno Garschagen. A respeito da primeira pesquisa Ibope, divulgada no final de outubro, o escritor avaliou que o cenário está “basicamente sendo construído pelos institutos de pesquisas”. Segundo Garschagen, “o que a gente tem hoje, é mais um termômetro daquilo que os institutos de pesquisas acham e, depois, o que a população acha a respeito daqueles candidatos. É tudo muito prematuro”, declarou.
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