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Mulheres 50+ desafiam a invisibilidade pela escrita

Mulheres 50+ desafiam a invisibilidade pela escrita
Mulheres 50+ desafiam a invisibilidade pela escrita

Livrarias, clubes de leitura, cursos e encontros literários estão em alta, como afirma Samuel Seibel, presidente da Livraria da Vila, à revista Vida Simples. Mulheres com 50 anos ou mais estão encontrando na palavra escrita um caminho de reinvenção e visibilidade, rompendo o roteiro que por décadas associou maturidade feminina a declínio e silêncio. Trata-se de uma virada geracional: escrever virou estratégia de autonomia, partilha e reposicionamento no debate cultural.

Para entender a relevância do atual movimento, é preciso olhar para o passado. Pesquisa liderada pela professora Regina Dalcastagnè, da Universidade de Brasília (UnB), revela que, de todos os romances publicados pelas principais editoras brasileiras em um período de 15 anos (1990-2004), 120 de 165 livros foram assinados por homens — um retrato de concentração de autoria que também se expressa em perfil social e geográfico (homens, brancos, formados, eixo Rio–São Paulo).

Mas, esse enquadramento está mudando. Segundo levantamento do Clube de Autores publicado pelo PublishNews, o percentual de autoras na autopublicação atingiu 44% em 2022 (10% de aumento em relação a 2021) — sinal de aceleração recente na entrada e na visibilidade de mulheres escrevendo e publicando suas próprias histórias.

A presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, resume o ganho coletivo ao defender mais mulheres em todos os elos da cadeia — do texto à distribuição —, porque a literatura brasileira se enriquece com perspectivas influenciadas por experiências femininas. Ao lado disso, a narrativa de si deixa de ser “nicho terapêutico” para ocupar o plano da cultura e da economia criativa: cursos estruturados, prêmios e festivais conectam autoras e público, dão legitimidade e sinalizam mercado. “Nossas autoras têm contribuído imensamente para o nosso patrimônio cultural, oferecendo visões de mundo fortemente influenciadas por suas experiências como mulheres”, diz Sevani.

O movimento não é apenas local. No Reino Unido, surgiram iniciativas dedicadas a estreantes maduras: a premiação Debut Writers Over 50 Award e o Forthwrite, festival de escrita voltado a mulheres 50+, com debates, oficinas e uma mensagem direta — é preciso desrotular a mulher que envelhece e ouvir suas narrativas como parte do centro da cultura. Em paralelo, cresce a oferta de cursos e mentorias que tratam a escrita como projeto de vida e de carreira.

Dany Sakugawa, consultora editorial que criou o curso The Book Business, acredita que a escrita é um ato estratégico e transformador, especialmente para as mulheres que buscam recomeçar. “Para muitas mulheres maduras, a escrita emerge nessa fase como parte de uma transição de carreira, como uma forma de reviver sonhos antigos ou até mesmo como um meio de expressar emoções, pensamentos e reflexões profundas”. Mas Dany lembra que publicar demanda método — objetivo do livro, edição, capa, sinopse, divulgação, pré e pós-lançamento — porque um bom original precisa de rota para encontrar leitoras e gerar impacto social e cultural.

É nesse contexto que a jornalista Heloísa Paiva estreia como autora de 50+ Desperte para a vida e pare de sofrer — com lançamento em 19 de outubro, às 15h, na Livraria Cultura (Higienópolis-SP). Com 25 anos dedicados à comunicação corporativa, Heloísa se junta ao grupo de mulheres que transformam experiência em repertório e voz. “Quero que este livro seja um guia para mulheres que desejam viver o processo de envelhecimento com mais autonomia e amor-próprio”, diz a autora, para quem a maturidade pode ser janela de oportunidades, não um ponto final.

A obra aborda dores e dilemas muito reconhecíveis — menopausa, relações esvaziadas, luto, etarismo, solidão, insegurança financeira e pressão estética —, ao mesmo tempo em que apresenta vários caminhos para recolocar projetos e limites no centro da vida. “Me tornar escritora é a realização de um sonho que só aconteceu depois dos 50 anos”, afirma Heloísa. O livro, segundo a autora, convoca à ação: dar nome às dores, desapegar das culpas, redefinir sucesso e ocupar o centro da própria história — porque ainda há tempo, e ele pode começar agora.

Na percepção da jornalista, o que tem mudado é a combinação de demanda e estrutura. “Há leitoras ávidas por mapas e espelhos; há saraus de contos e poesias; há oficinas e comunidades que acolhem e lapidam originais; há rotas de publicação mais diversas que permitem desde estreias independentes até um caminho mais tradicional”. Entre estatísticas que mudam, prêmios que se abrem e agendas de cursos esgotadas, as autoras 50+ vêm ganhando representatividade. Como diz a presidente da CBL, é fundamental reconhecer e celebrar o impacto positivo que as mulheres têm no enriquecimento da nossa cultura e na formação de um mercado editorial mais inclusivo e diversificado.

Octavio Raja gabaglia

Octavio Raja Gabaglia, o carismático Otavinho, é um nome que ressoa nas praias, encostas e telhados de Búzios. Esse arquiteto genial, conhecido pelo bom papo e pela mente afiada, conseguiu, com engenhosidade, domar os ventos, convidar a luz do sol para habitar as casas com gentileza, além de convencer a paisagem exuberante a fazer parte de sua obra.

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