Ministério Público Federal (MPF) instaurou na última semana um procedimento para apurar a indicação do delegado Felício Laterça para o cargo de superintendente da Polícia Federal do Estado do Rio.
Laterça é o delegado titular da delegacia da PF em Macaé, no interior do Rio, e, segundo o procedimento, há indícios de que ele tenha relações com políticos do estado.
Ainda de acordo com o documento do MPF enviado à PF, a indicação do delegado precisa ser investigada pois já existe um outro procedimento desde setembro do ano passado questionando o contrato de aluguel do imóvel onde funciona a delegacia da PF em Macaé.
Em nota, Laterça afirma que “a delegacia de Macaé está instalada há mais de 30 anos em prédios mantidos pela municipalidade. Cumpre ressaltar que a cessão gratuita foi celebrada entre a Superintendência Regional da Polícia Federal no RJ e o Município de Macaé”.
Segundo o documento, o prédio é da Prefeitura e investigações apontam que o contrato teria sido fechado em uma troca de favores onde o irmão do delegado conseguiu um cargo no gabinete do então deputado estadual Farid Abrão (PTB), por intermédio de indicação do prefeito de Macaé, Dr. Aluízio (PMDB). Atualmente, Farid é prefeito de Nilópolis.
Em nota, a Prefeitura de Macaé informou que o imóvel onde funciona a delegacia da PF foi alugado em 2006, antes da gestão de Dr. Aluízio. Ainda de acordo com a nota, a Prefeitura celebrou um Termo de Comodato com a Polícia Federal, transferindo a delegacia da antiga sede, também paga pelo Governo Municipal, para o novo prédio.
A nota da Prefeitura também diz que investimentos em segurança pública vêm sendo uma marca da gestão municipal e que “quanto às demais conjecturas, desconhecemos as pessoas citadas”.
Sobre a denúncia de “troca de favores” em benefício de seu irmão, Rodolfo Laterça, o delegado Felício Laterça informou:
“O prédio foi escolhido por questão estratégica, de segurança orgânica e de estrutura predial. Rodolfo Laterça é meu irmão consanguíneo. Com relação aos senhores deputados, não os conheço, e não tenho nenhuma relação”.
O delegado, que é filiado ao PSC desde 2016, disse que não há qualquer restrição legal à filiação de policial federal a partido.
“Nunca fez parte de meus planos concorrer a um cargo eletivo, fui convidado sim para comandar a Superintendência Regional da PF no Estado do Rio de Janeiro”, esclareceu.
Processo por plágio
Indicado pelo diretor-geral Fernando Segovia para a Superintendência da PF no Rio, o delegado Felício Laterça de Almeida tem uma mancha desagradável na sua carreira funcional. Em 2009, o delegado respondeu a um processo administrativo por plágio. Laterça estava matriculado num curso de pós-graduação que a própria Polícia Federal ministrava e entregou um Trabalho de Conclusão de Curso supostamente copiado. A PF abriu uma sindicância, mas acabou arquivando a investigação porque muitos outros alunos tiveram conduta semelhante. Diante de tantos casos, a PF decidiu encerrar o curso.
Na Polícia Federal, há muitas pessoas incomodadas com a indicação de Laterça para comandar o Rio. Esses setores argumentam que o delegado é ligado a Jorge Picciani, preso atualmente em Benfica.