A audiência de instrução e julgamento de Islay Cristina Pereira de Souza, acusada de matar a facadas a empresária Raquel Melo Mota, de 39 anos, durante uma briga de trânsito no dia 17 de novembro do ano passado, em Macaé, começou às 15h desta terça-feira (30) no Fórum Desembargador Ivair Nogueira Itagiba.
A primeira etapa é de pronúncia, um procedimento que acusa o recebimento da denúncia até a sentença pronunciativa. O juiz da 1ª Vara Criminal de Macaé, Wycliffe de Melo Couto irá colher o depoimento das testemunhas de acusação e defesa para decidir se o caso irá a júri popular.
Islay está presa desde o dia 22 de novembro, quando negociou sua apresentação à polícia. Ela cumpre prisão preventiva no Presídio Feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes. Ela foi indiciada pela Polícia Civil por homicídio qualificado praticado por motivo fútil, após a conclusão do inquérito, pouco menos de um mês após o crime.
O crime
De acordo com o delegado titular da 123ª Delegacia Policial de Macaé (123ª DP), Filipi Poeys, a indiciada pelo crime, Islay Cristina Pereira de Souza, de 39 anos, utilizou um estilete para matar a vítima. “Exatos sete milímetros da ponta do objeto atingiram o coração de Raquel”, afirmou o delegado.
Antes da confirmação da polícia, a suspeita era de que a vítima tivesse sido morta a facadas. A arma do crime, medindo cerca de quatro centímetros, foi apresentada à imprensa na sede da Polícia Civil em Macaé. Segundo a polícia, a briga entre Raquel e Islay foi iniciada nas proximidades da delegacia, que fica no Centro e terminou, em frente ao condomínio da vítima, na Ilha da Caiera, após Islay cercar o carro de Raquel.
Nas imagens cedidas pela Polícia Civil, Islay para o carro atrás do de Raquel e sai em direção à vítima para confronta-la. Elas discutem e Islay vai até seu carro, pega sua bolsa, saca o canivete e arranha o carro de Raquel, que reage e leva três golpes de canivete, desferidos por Islay.
Durante a briga, a bolsa da acusada cai no chão e mesmo ferida, a vítima entra no carro e tenta fugir, mas para cerca de 30 metros depois e cai sobre o volante. Ainda de acordo com a polícia, um médico que mora no mesmo condomínio de Raquel, foi o primeiro a socorrê-la. Raquel foi levada para o Hospital Público de Macaé (HPM), onde foi operada, mas não resistiu e morreu na manhã do dia seguinte.
Após o crime, Islay entra no carro e foge. Segundo a polícia, dentro do veículo estava o filho dela, de apenas 13 anos, que presenciou a cena. A indiciada tem outros dois filhos.
Em depoimento, Islay confessou o crime e contou à polícia que agiu em legítima defesa, mas o delegado responsável pelo inquérito não acatou a hipótese. “Nas imagens das câmeras de monitoramento, a gente vê claramente que ela já saiu do carro com o estilete. Ela abre a bolsa, pega o objeto e vai para cima da vítima”, ressaltou Poeys.
Islay responde também por um processo de lesão corporal contra outra mulher no estado do Ceará. Na ação, que corre na 15ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, ela é indiciada por espancar Edna Maria Lopes dos Santos. O crime ocorreu no ano de 2002 e a sentença até hoje não foi proferida.
Natureza violenta
O delegado responsável pelo inquérito sobre a morte de Raquel citou outros processos contra Islay que demonstram, segundo ele, a natureza violenta da indiciada. Em Macaé, ela possui quatro anotações criminais por lesão corporal, ameaça e exercício arbitrário das próprias razões (justiça com as próprias mãos) e direção perigosa.
O delegado narrou que em dois destes processos ela discutiu e agrediu um motorista da SIT, empresa responsável pelo transporte público no município, além de ter ameaçado e tomado o carro de um pedreiro que não concluiu uma obra em sua residência.
Natural do Ceará, Islay também responde por lesão corporal em sua terra natal. Em um processo, que corre na 15ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, ela é indiciada por espancar Edna Maria Lopes dos Santos. O crime ocorreu no ano de 2002 e a sentença até hoje não foi proferida.
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Fonte: Clique Diário