Quem mora no entorno da Praia do Abricó, em Rio das Ostras, há anos está passando por dificuldades por conta da erosão e do avanço do mar. Para deter esse avanço até mesmo uma barreira de pedra foi construída em 2016. Mas, atualmente, é possível ver partes dessa mesma barreira e até mesmo da calçada da orla serem “engolidos” pelo mar.
Cláudio Vilhena é morador do bairro Bosque da Praia há mais de 20 anos e relembra quando a orla foi repaginada e também quando a mesma começou a desabar há cerca de 10 anos.
“É muito triste você ver as pessoas sofrendo porque o mar está levando o quintal de casa. A casa ter perigo de ser interditada pela defesa civil. Mas costumo dizer que o mar está pegando de volta o que é dele. Afinal, foi feito um aterramento para construir todos esses quiosques e expandir a rodovia Amaral Peixoto. Não sei se não fizeram a obra direito. Mas esse é o preço. O problema é que é a população que está pagando por um erro do governo municipal ou estadual”, comenta o morador.
A atendente de caixa de um mercado ao redor da praia do Abricó, Camila Fernandes, conta que essa situação é antiga e não vê uma solução tão cedo.
“Trabalho nesse mercado mais de 3 anos e antes disso trabalhei em uma farmácia aqui perto. Sempre usei o ponto de ônibus da orla da praia. A um ano e meio aproximadamente o mar chegou a levar esse ponto e tinha que andar até a “praça da Telemar”. Achava muito perigoso. Parte da rodovia chegou a ceder também. Acho que só vão resolver quando cair um carro dentro da água”, pondera Camila.
Possível resolução?
Nesta quarta-feira, dia 17, o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar, esteve em Brasília para buscar apoio junto ao Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a fim de resolver o problema. Na ocasião, ele levou um pedido de cooperação técnica e repasse de verbas para a recuperação da Orla, no trecho que vai da Praia da Tartaruga à do Abricó. O prefeito também apresentou ao ministro um estudo sobre os impactos da erosão na região.
Segundo o mestre em Geologia, Daniel Fernandes, que elaborou sua tese de mestrado justamente em cima do avanço do mar em Rio das Ostras, o problema é muito complexo e tem como origem vários fatores, que vão desde a construção da barragem de Jurtunaíba, no Rio São João, entre os municípios de Silva Jardim e Araruama, passando pela ação do homem em todo trecho do corpo hídrico, à ocupação desordenada da foz em Barra de São João, incluindo ainda as características geográficas da grande enseada localizada entre Rio das Ostras e Búzios.
Com base nesse estudo elaborado pelo geólogo, a solução definitiva para o problema só será possível com a participação direta dos Governos Federal e Estadual, disponibilizando apoio técnico e financeiro aos municípios de Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, incluindo Barra de São João, e Búzios.
“O engordamento da praia e a construção de barreiras no mar para reduzir a energia das ondas que atingem a orla dessa região são fundamentais, além de ações de recuperação ambiental no Rio São João e sua foz,” ressaltou Daniel.
De acordo com Carlos Augusto, ele pediu esse apoio para a recuperação dessa área, visto que atualmente o município não dispõe de recursos para realizar a obra. O prefeito disse que o ministro se mostrou sensível à urgência de se resolver o problema e se comprometeu em colocar o caso na pauta do Governo Federal.
“Vamos buscar incansavelmente a solução para este problema junto ao Governo Federal. Caso não tenhamos êxito pela via política em curto prazo, acionaremos judicialmente a União e o Estado para que cumpram com suas obrigações”, pontuou o prefeito.
Isenção para os atingidos
O prefeito de Rio das Ostras ainda deixou claro que as medidas preventivas que cabem ao município estão sendo tomadas desde o início de sua gestão e que, no final do ano passado, foi sancionada uma lei isentando os moradores das propriedades atingidas na localidade do pagamento do IPTU.