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Cidades

1964 e o Ministério das Narrativas

Nas últimas duas semanas, as redes sociais, mais uma vez foram sacudidas por mais uma polêmica gerada a partir do governo Jair Bolsonaro. Sou de opinião que o governo Bolsonaro tem uma concepção muito clara do que significa usar as redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Nas mãos do governo Bolsonaro, as redes sociais são praticamente, um tipo de ministério, o MINISTÉRIO DAS NARRATIVAS.

Semana sim, e a outra também, há sempre uma narrativa pronta a mobilizar os defensores e opositores do governo Bolsonaro. Esse comportamento já provoca desconforto inclusive entre os aliados do governo, haja vista as críticas que Bolsonaro tem recebido de vários setores para “largar o Twitter, e realmente trabalhar”.

A última das narrativas criada por este improvável “ministério”, diz respeito ao significado do legado da Ditadura Militar. Bolsonaro declarou que permitiria que, pelo menos, a corporação militar comemorar o aniversário do Golpe Militar que deu origem a 21 anos de governo militar. Previsivelmente, as reações de oposição forma quase imediatas à sua declaração. Intelectuais, políticos e estudiosos manifestaram-se publicamente seu repúdio a qualquer manifestação pública comemorando uma Ditadura que comprovadamente torturou, matou e fez com que um número ainda desconhecido de pessoas fossem dadas como “desaparecidas”.

Há duas décadas, a comemoração da “Revolução de 64”, gerava antes de tudo constrangimento. Mesmo os que apoiaram abertamente o Golpe Militar em 64, o faziam até de maneira envergonhada, usando um termo aqui empregado por Elio Gaspari, em sua excelente série sobre o governo militar.

Hoje, a “vergonha” deu lugar de certa maneira, ao orgulho. Se Jair Bolsonaro autoriza a edição de um vídeo de mais de minuto, comemorando abertamente a participação do Exército no Golpe de 64, é porque ele tem plena consciência de que há espaço na sociedade para este tipo de manifestação, algo que não existia há 20, 30 anos atrás.

Como este espaço foi aberto? Em que condições, e por quem?

São perguntas importantes a serem respondidas.

O que há de novo neste caso, é a existência de um movimento que hoje, não tem medo de apresentar-se como portador de uma narrativa que contesta abertamente, uma versão da História que até muito recentemente, era considerada “definitiva”, ou seja, havia chegado a um consenso sobre os desdobramentos do Golpe de 1964, quem foram seus protagonistas e quem foram suas vítimas.

Deve-se reconhecer no entanto, que este evento mostra, de maneira muito clara, o caráter provisório do conhecimento histórico. Isso não significa que ele seja falho, mas sujeito a uma série de mudanças e revisões. Esse é um lado da questão, o científico. Mas existe outro.

O movimento que agora contesta a versão historiográfica de 1964, não partiu da academia, não é resultado de um exame escrupuloso e crítico das fontes e de pesquisas ulteriores, ao contrário. Este movimento surgiu, por assim dizer, “fora” dos círculos acadêmicos.

Na verdade, o movimento que se propõe a endossar o Golpe de 1964, adquiriu muito de sua força argumentando que a historiografia brasileira sobre o Golpe Militar era ‘parcial”, enviesada por motivações ‘ideológicas, que no limite demonizava “um lado”, no caso, os militares, e ao mesmo tempo “absolvia” o outro lado.

Alguns especialistas argumentam que nada disso aconteceria, ou seja, esse revisionismo não teria lugar, se tivesse ocorrido no Brasil, uma apuração profunda e o julgamento de todos os implicados nos crimes praticados durante o Regime Militar, a exemplo do que aconteceu em países como a Argentina.

Penso diferente. O julgamento destes casos poderia mostrar à opinião pública que a Justiça agiu de maneira imparcial na atribuição das responsabilidades dos responsáveis pelos crimes praticados naquela época. Mas isso por si só, a meu ver, não iria o aparecimento destas contestações à narrativa “oficial” sobre 1964. Ou seja, mesmo que tivesse havido o julgamento dos crimes praticados pela Ditadura, ainda haveria aqueles que iriam, a seu modo comemorar o Regime Militar.

*Paulo Roberto Araújo é professor de História e suburbano convicto

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