Por Marcel Silvano
Ocupação em latifúndio improdutivo em Rio das Ostras segue para o segundo dia. As
famílias chegaram ao local logo no início deste sábado e passaram a montar suas barracas
e dividir as funções do acampamento. O INCRA – Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária foi acionado logo após o fato, para que tome as providências das vistorias
previstas para desapropriações de áreas com indicativos para assentamentos da Reforma
Agrária na Região.
As dezenas de famílias de trabalhadores rurais sem terra que ocupam o então “Rancho
Sagitário” são oriundas, na maioria, das periferias de Rio das Ostras e Macaé e possuem
vocação e histórico de produção rural. Durante o dia passaram por lá agentes da Polícia
Militar, ex funcionários e uma pessoa identificada como “amigo do proprietário”, além da
Polícia não caracterizada, conhecida como “P2”. As famílias apresentaram as
reivindicações e mostraram o caráter pacífico da ocupação, que aguarda os procedimentos
jurídicos cabíveis ao fato e à reivindicação.
Também foi acionada a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro, que tem atuação em situações de conflitos no setor agrário e
acompanha os casos de ocupações no Estado. Além de parceiros e autoridades dos
municípios de origem das famílias. Professores universitários que acompanham a questão
agrária e desenvolvem projetos de pesquisa em acampamentos e assentamentos
acompanharam o dia. O vereador de Macaé, Marcel Silvano (PT) que debate e acompanha
a questão da terra e da agricultura familiar na região também esteve presente e participou
de alguns diálogos com policiais e as famílias.
A expectativa é que amanhã pela manhã a ocupação receberá membros da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia para uma visita oficial. Outros movimentos sociais e
lideranças políticas, sociais e religiosas da região estão acompanhando e passarão por lá
também.
A ocupação, à beira da estrada de Cantagalo, recebeu diversas manifestações espontâneas
de apoio de quem passava pela estrada. Mas, também foram alvo de ameaças de
ocupantes de outros veículos, de xingamentos e de gestos obscenos, o que aumentou a
tensão do acampamento, contornado após os diálogos com os agentes da Polícia Militar
que compareceram e tomaram ciência do caráter da ocupação.