Números liberados pelo IBGE recentemente apontam que 48 milhões de pessoas se identificam como empresários no Brasil. São cerca de 34 % dos brasileiros em idade economicamente ativa. O percentual é maior que o dos Estados Unidos, pátria do capitalismo, que possui cerca de 20 % de população ativa como empreendedora. E o dobro da Inglaterra, mãe da revolução industrial, que tem 17 %.
Mas o problema é que sete entre dez desses supostos “empresários” recebem no máximo três salários mínimos (R$ 2,8 mil) por mês, o que os especialistas chamam de “empreendedorismo de subsistência”. Ou seja, o cara tem uma tendinha na comunidade carente ou uma barraquinha de cachorro quente itinerante, mas se identifica como empresário.
Temos, por outro lado, apenas 35 milhões de trabalhadores com carteira assinada, vivendo na chamada formalidade. Os demais, a grande maioria dos trabalhadores, vivem de sub emprego e biscates diversos. Uma imensidão lumpem, diria o velho Karl Marx.
Esses percentuais explicam muita coisa, sobretudo a facilidade com que o discurso de Direita é aceito por boa parte da população brasileira. Eu me arrisco a dizer que se o velho Marx estivesse vivo diria que é absolutamente inviável uma proposta de esquerda em um país formado por uma imensidão de empreendedores e uma imensa massa disforme de lumpem proletários. Se vivesse no Brasil atual, Marx não seria marxista.
Isso multiplica os desafios da esquerda, que em geral tem seu discurso voltado apenas para os trabalhadores de carteira assinada, imensa maioria no Brasil atualmente