Frequentadores da Orla Bardot, em Búzios, foram surpreendidos com o reaparecimento dos restos do navio a vapor Galgo, naufragado em setembro de 1874.
Submersa por mais de um século, a embarcação, que serviu ao Império do Brasil durante a Guerra do Paraguai, emergiu parcialmente entre as praias do Canto e da Armação, despertando atenção de moradores, turistas e pesquisadores.
O vapor Galgo iniciou a embarcação em Macaé com destino ao Rio de Janeiro, transportando milho, café e cerca de 15 passageiros. Durante a viagem, a embarcação apresentou infiltrações, forçando o comandante a encalhá-la na praia da Armação, situação que resultou no naufrágio e no resgate sem ferimentos dos ocupantes. A carga foi comercializada localmente antes do casco ser leiloado por valor simbólico.
A Secretaria de Cultura de Búzios, em conjunto com o Centro Municipal de Memória, explicou que o evento coincide com a fase de Super Lua Nova registrada em 27 de maio, fenômeno que reduz o nível do mar e expôs os destroços. Especialistas avaliam que essa condição foi determinante para o reaparecimento do navio.
Historicamente, o Galgo tinha cerca de 12 toneladas e foi fretado pelo governo imperial durante a Guerra do Paraguai, chegando inclusive a transportar tropas e oficiais. Entre suas missões, resgatou sobreviventes no litoral uruguaio e conduziu o Conde d’Eu, casado com a princesa Isabel, ao final do conflito
O retorno dos destroços à costa traz à tona a memória de um capítulo esquecido da marinha brasileira, marcado ainda pelo desfecho trágico do comandante, que cometeu suicídio após a repercussão do naufrágio, alimentando lendas locais sobre aparições e fantasmas nas proximidades.
Com o reencontro inesperado, a Secretaria de Cultura está avaliando a preservação temporária do local e o possível registro arqueológico da embarcação, em parceria com pesquisadores e instituições especializadas.