por Clovis Eduardo.
O caso do espancamento de um casal gay na Tijuca nos mostra muito mais do que mais um crime, infelizmente já bem comum, mas como a nossa sociedade construiu bem a figura do inimigo gay. O engenheiro civil Flavio Micellis, 60 anos, e o servidor público aposentado Eduardo Michels (62), foram espancados em um condomínio na Tijuca e deram entrada no início da tarde desta sexta-feira (28) na emergência do Hospital Grajaú, na Zona Norte do Rio, reclamando de fortes dores na cabeça. Ele e o marido, o servidor público aposentado Eduardo Michels (62) foram espancados por vizinhos que promoviam uma festa na noite do último feriado de Tiradentes (21).
Esse ó dio contra Gays é construído, não é natural. Aliás, todo ódio não é natural, basta olhar a forma fraterna como as crianças convivem umas com as outras. Eu só passei a saber que os vietcongs eram inimigos da democracia depois que assisti filmes americanos como Rambo. Bem como descobri que o nazismo era o inimigo da humanidade e que os EUA eram nossa salvação depois de ler as HQs do Capitão América. Ora, porque todo inimigo é uma construção social, seja pela imprensa, pelo governo ou pelas instituições religiosas. O povo só sabe que precisa espancar o inimigo depois que alguém pendura o cartaz de “PROCURADO” no poste do espancamento.
O problema é que a moral religiosa e o conservadorismo CONSTRUIU O INIMIGO GAY QUE DESTRÓI A FAMÍLIA. E a postura midiática de líderes religiosos, deputados, senadores e outras figuras contra a homossexualidade tem motivado esse tipo de ato das massas. Sã o essas ações ideológicas “em favor da família” que direcionam o povo para o ato de espancamento. A bizarrice disso tudo é que Jesus NADA fez em relação a nada dessa luta da moral contra os “maus costumes” de gays, prostitutas, leprosos. Ele apenas acolheu os que o procuravam. O ato de discriminar o inimigo começa pela sua prática e não apenas pela sua simples figura. Os gays são discriminados (não amados por religiosos) por práticas que dizem respeito apenas às suas privacidades. Então, o discurso de ódio começa com o “amo o gay, mas não seu pecado” porque não é pela prática que se inicia a discriminação e não pelo ser em si (como acontece com negros, índios, mulheres, ciganos). A criminalização dos negros militantes do direito pelo voto nos EUA na década de 60 se construiu pelas práticas, pela forma de se vestir, pelas bebidas e drogas que consumiam.
A comunidade evangélica precisa se debruçar na figura de Cristo, no Novo Testamento, para entender que todos os mandamentos se resumem no amor ao próximo, independente de qualquer questão externa. Caso contrário, o próximo passo será a instituição de um Talibã Crente e de execuções em praça pública, em nome de Deus e da família.
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