Em 1993, CPI do Orçamento revelou esquema de corrupção envolvendo empreiteiras e políticos
E agora, diante dos acordos de leniência que estão sendo firmados (uma espécie de delação premiada para as empresas), o que esperar do futuro? Elas assumem seus crimes, se livram das punições e voltam a participar de licitações com o poder público.
Em 1993, *o presidente era Itamar Franco (que preparou ou o terreno para FHC), a CPI do Orçamento, realizada no Congresso Nacional, desvendou um esquema de corrupção envolvendo empreiteiras e políticos, com base em documentos recolhidos pela Polícia Federal na residência de um diretor da Odebrecht. Na época, descobriu-se que uma holding formada por 12 construtoras, comandada pela Odebrecht, garantia a divisão equitativa das obras realizadas com recursos do Orçamento entre as empreiteiras. As licitações eram fraudadas ou previamente acertadas, e a vencedora repassava 36% do valor da obra à holding.
Entre as participantes do esquema estavam algumas das mesmas empreiteiras cujo envolvimento na Operação Lava Jato é de conhecimento de todos: OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e a própria Odebrecht.
Parece uma história bem familiar para o povo brasileiro.
Tantos anos depois, mesmo com o escândalo estampado nas páginas dos jornais da época, o que mudou? Apenas os políticos envolvidos. Os fatos hoje mostram que as empresas continuaram agindo da mesma forma. Coagem prefeitos, governadores, montam seus cartéis, ditam as regras, corrompem e seguem colhendo suas vantagens.
Basta analisar a evolução patrimonial destas empresas e de seus chefes para constatar como essas práticas foram vantajosas. Se a corrupção rendeu milhões a alguns políticos, imaginem quanto os empreiteiros faturaram.
E agora, mesmo com as denúncias e acusações, não são eles que pagam a pena. São seus funcionários demitidos, e os milhões de desempregados no país que são punidos por causa da corrupção.
Por que a Justiça não sequestra os bens desses executivos? Por que não devolve aos cofres públicos o produto do roubo? Os políticos que foram corrompidos ficam inelegíveis, mas os empresários corruptores seguem, como já faziam há décadas atrás, livres para montar seus esquemas e encher seus cofres.
*Adendo do Prensa de Babel