Com a chegada da Primavera, e o tempo mais quente, alguns animais entram no período de reprodução. Entre eles está o gambá, marsupial muito comum na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e que aparece frequentemente no quintal das casas, andando pelos muros e fazendo ninho em telhados. Para ajudar na proteção desses animais, a Prensa conversou com especialistas para entender o comportamento, como protege-los e cima de tudo, conviver com a presença mais intensa nestes meses.
O período reprodutivo dos gambás, inicia na metade do mês de julho e a gestação dos filhotes dura cerca de 14 dias. Após esse período, eles completam o desenvolvimento dentro do marsúpio da fêmea por aproximadamente 70 dias. Em cada ninhada se desenvolvem de 10 a 20 filhotes.
As fêmeas procuram locais seguros para garantir o desenvolvimento das crias e muitas vezes podem desenvolver comportamentos mais agressivos do que o normal. Além disso, é comum que façam ninhos nos telhados das casas e emitam sons altos como barulhos de dentes rangendo.
Por falta de informação sobre as especificidades desses animais, muitos moradores se assustam e tem reações violentas contra o animal. Ou ainda, não sabem exatamente o que fazer ou a quem recorrer.
No período de agosto até dezembro de 2021 o Instituto Larissa Saruê, que atua em Búzios há cinco anos, recebeu cerca de 220 filhotes, que foram tratados e devolvidos à natureza. Muitos deles se desprenderam da bolsa ou tiveram a mãe morta por diversos motivos. E após intensa divulgação das atividades, os números aumentaram em 2022.
“Somente entre os meses de agosto e setembro deste ano, já recebemos 80 filhotes. Isso sem contar os demais animais, adultos que chegam machucados e lesionados”, comentou Cristine Monteiro, advogada ambiental que administra o instituto.
Ela explica, ainda, que há uma grande dificuldade nos cuidados com esses filhotes por terem algumas características específicas. “Como não nascem 100% formados, o olho, o ouvido e boca é só um buraquinho. Então, a dificuldade que temos quando nos chamam para uma mãe falecida, é que a teta dela é muito fina e vai direto para o estômago, assim como um cordão umbilical, e ela bombeia o leite. Nessa etapa é muito ruim de alimentar”, disse.
Os gambás têm, ainda, uma contribuição específica no controle de população de animais peçonhentos como cobras, escorpiões, aranhas e outros. A dieta deles é constituída em parte por esses animais.
O biólogo Eduardo Pimenta explica que os gambás são animas comensais, neste caso eles se aproveitam do ambiente urbano e acabam buscando nos porões, telhados e sótãos abrigo. Já que na cidade acabam tendo mais facilidade para alimentação.
“Eles são animas de hábitos noturnos, encontrando alimento com facilidade na cidade com subprodutos humanos. Eles vasculham o lixo e comem muitos insetos que são atraídos pelo lixo ou pelo processo de recolhimento. Eles se adaptaram bem, além de terem menos predadores do que no mato. ”, explica o Pimenta.
E reforça ainda, “Eles têm uma característica interessantes, um papel ecológico interessante. Eles comem cobras, aranhas, eles comem uma série de animais peçonhentos e também outros animais que podem trazer riscos para o ser humano. E eles são protegidos por lei”.
A lei que o biólogo se refere é a 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Quem mata gambás por diversão ou para comer, pode responder por crime ambiental, passível de multa de até R$ 500 por animal e ainda, detenção de seis meses a um ano.
O secretário de Meio Ambiente de Búzios, Evanildo Cardoso falou sobre as políticas públicas que são implementadas na cidade para proteção da espécie. “A política ambiental que a secretaria vem desenvolvendo, que é criar novas áreas de proteção ambiental, como as unidades de conservação e corredores ecológicos, não vai alcançar apenas os gambás, mas outras espécies nativas também. Essa prática faz com que seja possível preservar o hábitat natural desses animais, e eles, em consequência. ”, explica o secretário.
A Guarda Municipal Ambiental realiza o recolhimento desses animas, além de ter uma parceria com profissionais da cidade que cuidam da espécie, como veterinários. Em caso de necessidade o telefone para contato dos agentes é o (22)2623-0196.
O Instituto Larissa Sarue também um parceiro da espécie, e pode ser acionado pelo telefone de contato (22) 97401-5077.