Por Prof. Paulo Henrique *
Com os números divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública do RJ) sobre o primeiro trimestre do ano, as notícias não são nada animadoras para Macaé: de janeiro a março foram registradas 41 mortes por homicídio, superando as 24 do ano passado neste mesmo período. A informação, por si só já bastante preocupante, chega num momento em que o país, como um todo, registrava queda nestes índices. E isso em plena pandemia de covid-19, que tem monopolizado a atenção da maioria dos nossos governantes.
A questão é inevitável: será também a violência letal, assim como o desemprego, um dos efeitos colaterais do isolamento social decretado pelos governos estaduais e municipais? Os números do próximo trimestre servirão para jogar mais luz no fenômeno, mas o fato é que ao menos no Rio e em São Paulo houve um aumento considerável dos homicídios e uma diminuição nas taxas de crime contra o patrimônio.
É fato que o período de isolamento social em um país marcado pela violência em suas mais diversas esferas pode levar certos tipos de crimes a números ainda mais alarmantes. Como não atentarmos para os casos de violência doméstica que disparam de norte a sul do país? As perspectivas de uma massa ainda maior de desempregados nos próximos meses e uma desorientação total nos rumos da economia colocam todo o país num cenário bastante desolador.
Ao que tudo indica, o aumento da violência letal no Rio de Janeiro seria resultado de disputas territoriais por traficantes de drogas e tem nossa cidade, Macaé, como responsável por mais de 10% do total de homicídios no estado. Uma marca assustadora e que deve ser objeto de preocupação dos poderes públicos urgentemente, para não voltarmos a ocupar os primeiros lugares no ranking dos municípios mais violentos do país. Está difícil ser otimista, mas temos que ter esperanças que, assim como Chico cantou décadas atrás, “amanhã vai ser outro dia”.
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*PROF. PAULO HENRIQUE
Mestre em Ciências Sociais pela UERJ, professor de Sociologia da Rede Municipal de Macaé, palestrante e ativista de direitos humanos.