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Consciência preta, esporro branco

Fábio Emecê é professor, rapper e ativista. escreve sobre música aqui no Prensa

Fábio Emecê

 

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Fábio é professor, rapper e ativista

O menino se desinibiu. Diante do fato de todos dizerem que nem sempre dá, nem sempre vai se alcançar, ele se sentiu a vontade. Muito a vontade e foi dançar. Os batuques, o ritual e a possibilidade do corpo balançar ao seu comando falou mais alto.

Uma professora percebeu o potencial preto presente nos seus alunos e quis aliar o corpo, a mente e o espírito em uma coreografia que fizesse referência a ancestralidade, aos seus entes, aos seus semelhantes, ao futuro em que os pretos e pretas sejam autônomos.

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Utopias necessárias onde a educação ainda é território fértil, ainda… Diante de todas as coisas ditas pela metade pra não ser pego no pulo, diante de todo batuque cifrado pra se anunciar um levante contra o senhor do engenho, diante de toda saia rodada mostrando a mulher preta e sua origem de rainha, a coreografia vai se definindo.

O menino tá feliz, o grupo tá firme, a professora tá suando, tá ali na resistência nos olhares enviesados de privilegiados cujo mérito faz cegar a História e sua mão pesada, definidora de mentes e destinos. Romper é a base, assim como entender que qualquer acesso a um bem maior daquilo que sempre foi projetado, não é motivo pra se defender a todo custo, sendo inclusive defensor do seu algoz.

Elementos cenográficos pensados, passos marcados, apresentações e festivais chegando perto. O menino nunca pensou em ser protagonista da sua própria história. Preto, favela e estigma. Disseram pra ele que ele não ia ser nada. Se enganaram. Po, se enganaram. A dança o faz gente. A arte faz ele ser preto, bonito e orgulhoso. A educação, por enquanto, o deixa autônomo.

O dia da apresentação chega, o grupo apreensivo. A professora ansiosa. O menino acorda, toma o café e aquele pão quentinho que a mãe orgulhosa separa pra ele. Ele sorri. O peito enche de orgulho.

Preto, favela e estigma. Preto, favela e estigma. Pre-to, Fa-ve-la, estigma, porra! A polícia invade o barraco. Sem mandato. E daí, ninguém sabe, ninguém viu. Não encontra nada. Quem se importa? Quem se importa?

Os elementos cenográficos da dança, guardadas com carinho são destruídos pelos policiais, servidores do povo, da comunidade, protetores da moral e bons costumes. Os agentes do estado vão embora. O menino chora, a mãe chora, a professora sabe e chora. A apresentação é daqui a pouco. Daqui a pouco…

Eles vão bem. Improvisam e vão bem. O menino pensa. Ainda tem orgulho de ser preto. Ainda é bonito e a dança realmente o liberta. Só que a realidade é nua e crua. E ninguém se importa. Quase ninguém. A professora se segura, se indigna, se chateia, se emociona. Por que tem ser sempre assim? Pra nós, pretos e pretas, quando é que vai acabar?

Tão querendo tirar essa esperança da Educação, tão querendo… A dança continua, os pretos continuam, a favela continua, o estigma continua, a polícia continua e a roda continua. Um relato de novembro, mês da consciência negra, onde pretos se conscientizam e os brancos dão esporro, pois não é bem assim. Nunca é….

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