Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica inicia o processo para a escolha de seu novo líder espiritual. A eleição acontece por meio do conclave, uma assembleia secreta formada por cardeais com menos de 80 anos, que se reúnem na Capela Sistina, no Vaticano. O vencedor precisa obter dois terços dos votos dos presentes, e o processo pode durar dias ou semanas.
Votação é secreta e sem candidatos pré-definidos
Durante o conclave, os cardeais votam em cédulas de papel, que são depositadas em uma urna. A eleição é considerada espontânea, ou seja, não há uma lista oficial de candidatos. Ainda que, teoricamente, qualquer homem batizado e celibatário possa ser eleito papa, o último não cardeal a assumir o posto foi Urbano VI, em 1378.
Caso nenhum nome obtenha os votos necessários, as cédulas são queimadas e uma fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina. Quando um papa é escolhido, a fumaça torna-se branca e o cardeal protodiácono anuncia aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro o tradicional “Habemus Papam”.
Escolha do nome e segredo absoluto
Ao ser eleito, o novo pontífice escolhe um nome papal, como fez Jorge Mario Bergoglio ao se tornar Francisco em 2013. Todos os cardeais participantes juram manter sigilo sobre o que ocorre dentro do conclave, e qualquer quebra desse juramento é considerada uma grave infração canônica.
O papa argentino foi eleito no segundo dia de conclave, após cinco votações. Seu antecessor, Bento XVI, também foi escolhido no segundo dia, após quatro escrutínios.
Tradição do conclave remonta ao século XIII
O formato atual do conclave surgiu no século XIII, após uma eleição que durou mais de dois anos. Em 1268, os cardeais demoraram tanto para eleger o sucessor de Clemente IV que foram confinados em uma sala sem teto, com refeições limitadas a pão e água. O escolhido, Gregório X, estabeleceu as normas do conclave fechado.
Até o início do século XX, reis católicos da Europa tinham o direito de vetar candidatos ao papado. O veto foi usado pela última vez em 1903, quando a Áustria barrou o cardeal Rampolla. Desde então, a escolha do papa tornou-se um processo exclusivo da Igreja.
Novo perfil de cardeais pode influenciar a escolha
Durante seu pontificado, Francisco nomeou mais da metade dos cardeais eleitores, ampliando a diversidade geográfica do colégio, com maior presença de representantes da Ásia, África e América Latina, e reduzindo a hegemonia europeia, especialmente italiana.
Essa composição mais plural pode refletir a visão de Francisco sobre uma Igreja em saída, mais aberta ao mundo, voltada para as periferias, com um perfil missionário e socialmente engajado.